Canção da mulher desesperada

27 abril, 2009


Nada ficou no lugar
Eu quero quebrar essas xícaras
Eu vou enganar o diabo
Eu quero acordar sua família...

Eu vou escrever no seu muro
E violentar o seu gosto
Eu quero roubar no seu jogo
Eu já arranhei os seus discos...

Que é pra ver se você volta,
Que é pra ver se você vem,
Que é pra ver se você olha,
Pra mim.

Nada ficou no lugar
Eu quero entregar suas mentiras
Eu vou invadir sua alma
Queria falar sua língua...

Eu vou publicar os seus segredos
Eu vou mergulhar sua guia
Eu vou derramar nos seus planos
O resto da minha alegria...

Que é pra ver se você volta,
Que é pra ver se você vem,
Que é pra ver se você olha,
Pra mim.

Faria tudo isso mil vezes e um pouco mais - por amor. Mulheres são assim: intensas ao extremo. E eu gosto disso, apesar de sentir tremendo medo. 

Faz tempo que não falo de amor por aqui. Senti falta. Boa semana, beijos distraídos.

Dia Internacional do Choro.

24 abril, 2009


Dia 23/04 comemorou-se o Dia Internacional do Choro - 112 anos do grande compositor e músico Pixinguinha, um verdadeiro poeta. Hoje deixo minha homenagem, na voz da belíssima Marisa Monte.



Marisa Monte - Rosa


Tu és divina e graciosa
Estátua majestosa

No amor!
Por Deus esculturada
E formada com ardor...

Da alma da mais linda flor
De mais ativo olôr
Que na vida é preferida
Pelo beija-flor...

Se Deus
Me fora tão clemente
Aqui neste ambiente
De luz, formada numa tela
Deslumbrante e bela...

Teu coração
Junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado
Sobre a rosa e a cruz
Do arfante peito teu...

Tu és a forma ideal
Estátua magistral
Oh! alma perenal
Do meu primeiro amor
Sublime amor...

Tu és de Deus
A soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração
Sepultas um amor...

O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes
Cheios de sabor
Em vozes tão dolentes
Como um sonho em flor...

És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim
Que tem de belo
Em todo resplendor
Da santa natureza...

Perdão!
Se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh! flor!
Meu peito não resiste
Oh! meu Deus
O quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar
Em esperar
Em conduzir-te
Um dia ao pé do altar...

Jurar aos pés do Onipotente
Em preces comoventes
De dor, e receber a unção
Da tua gratidão...

Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te
Até meu padecer
De todo fenecer...


Bom final de semana, beijos distraídos.

Reunião depois do expediente, nas sextas-feiras!?

23 abril, 2009

Era mais uma daquelas reuniões chatas. As funcionárias viram ‘coleguinhas’ e os sócios babam de galanteios em todas. Onde é que já se viu reunião de trabalho às seis horas da tarde, depois do expediente, e em um barzinho? Mesmo que seja nas sextas-feiras. Não diz que é reunião de trabalho, porra. É só pra descontrair, falar bobagens. Mas não, tinha que dizer que era reunião – desse jeito todas as funcionárias vão sem desculpas. De certo era essa a intenção. Nossa mesa, nas sextas-feiras, já estava disposta desde as cinco e meia da tarde, afinal dono de empresa não tem hora para chegar nem para sair. Às vezes eu sei que sou rabugento, mas nerd tem dessas coisas.

As mulheres sempre chegavam depois, é claro. Enquanto os homens já estavam bebendo e comendo um aperitivo. As ruas apinhadas de gente, indo e vindo, loucos de vontade de chegar às suas casas e ouvir o barulhinho de uma lata de cerveja abrindo. Eu não era muito dessas coisas, até entrar nessa empresa. Mas sempre fiquei calado, na minha, sem opiniões, só fazendo as programações que me pediam. Mas, eu confesso. Eu fico doido com aquelas secretárias, mas não participo das conversinhas no café, eles ficam comentando sobre elas e suas bundas.

“Poxa meninas, como vocês demoram?”, falou Rogério. “Mas que bom que chegaram todas juntas”, completou Ricardo. “Sentem, sentem. Podem pedir o que quiserem”, continuou Rogério, enquanto todos se cumprimentavam. Eu!? Eu cumprimento também, mas fico perdido nos meus pensamentos. As pernas da Carlinha são ‘uma loucura’ e o bumbum da Sônia é convidativo. Tomava um gole de cerveja para retirar aquelas obscenidades da minha cabeça. Rogério começa declamando os resultados positivos da semana. Sim, declamando. Porque ele se vangloria com aqueles resultados, mesmo que não fizesse porra nenhuma naquela empresa, a não ser mandar e passar o cheque nas zonas que frequentava. E eu tinha que ficar quieto com esse absurdo. Olha só a boca que a Lurdinha tem, vontade de, de..., eu ficava pensando aflito enquanto ela passava o relatório de vendas para o pessoal.

O assunto da reunião era basicamente o mesmo: vendas e resultados. Se eu pudesse daria a sugestão de falarmos sobre os computadores que já são velhos e dificultam o trabalho de todos, que o ideal era comprar uns notebooks para aumentar o espaço que temos e abolir tantos fios. Não me davam brechas, e nessas horas, nem se lembrariam na segunda-feira. Pensando bem a Lurdinha tem os olhos perfeitos, uns peitos, toda ela é um conjunto, uma obra. Nem me lembro bem quanto tempo faz que não vejo uma mulher nua. Imaginar a Lurdinha pelada ali na minha frente estava me deixando louco. Mas eu sou um nerd (como elas mesmas me chamavam) e nunca olhavam para mim.

Já era pouco mais das nove horas da noite. Todo mundo bêbado e eu querendo ir embora, mas estava de carona com o Luís, meu vizinho. Ele bebia mais do que todos juntos e eu sempre voltava dirigindo o carro, nas sextas-feiras. Até as meninas já estavam bêbadas e entregues aos galanteios da macharada. São umas bobas e inúteis. Eu já estava com nojo daquilo tudo, e nada foi decidido para a semana que vem. Pronto, já estou rabugento de novo – mas compenetrado nas pernas da Lurdinha. Quando de repente Lurdinha descruza as pernas, de frente pra mim. A desgraçada estava sem calcinha. Nessa hora o Luís me chamou para irmos embora, porque a patroa dele estava enchendo o saco. Ganhei minha noite, e semana que vem vai ser a mesma coisa de sempre, e eu ia esperar ansioso para ver o descruzar das pernas da Lurdinha.    

As mulheres são umas ingratas

14 abril, 2009

Ela sempre vinha com aqueles papos de traição. Parecia sempre desconfiada de mim. Eu tinha que ter um swing danado pra desenrolar quando ela insinuava alguma coisa. A preta até que tava certa, mas aquilo me irritava. Eu sempre chegava com um papinho do jeito que ela gostava, carícias que a faziam esquecer daquele blá blá blá.

Até que um dia a preta me colou uma peça. Fiquei doido. Homem é mesmo meio burro, senão todo burro. Ao invés de apagar as mensagens dei bobeira, a preta mexeu no meu celular e descobriu a tal da Maria Antonieta. A Toninha eu levava pra passear vez em quando, até pra umas baladas eu fui com ela. Mas eu só fazia isso quando eu deixava a preta cansada, de sexo, em casa. Pensei logo que a pretinha ia me esculhambar. Ficou quietinha como se não soubesse de nada. Às vezes é melhor ver a nega explodindo do que bolando alguma pra ti. Eu fiquei aflito com aquela demora. Infeliz do homem que acha que enrola uma mulher, principalmente a preta que era uma mulher de verdade e não levava desaforo pra casa.

Até hoje me pergunto: “por que não fiquei com a preta?” Ela era toda carinhosa e atenciosa, além de fazer um sexo muito gostoso – como poucas. A Toninha era novinha e eu só gostava de colar um papinho e uns beijos. A preta não.

Até que a neguinha sumiu, uma, duas, três semanas sem atender o celular, sempre com a desculpa de que estava ocupada demais pra mim. Era o fim, eu sentia. Afinal ela sempre tinha tempo pra mim. Eu ainda tinha a Toninha. Mas nem a Toninha me atendia mais. Na última tentativa, Toninha disse que estava com outro. Como são as mulheres, né?! Umas ingratas. Tava ali sozinho agora, sem a Toninha e sem a preta. Seco de vontade de dar uns tapinhas na pretinha, ela adorava.

Depois de um tempo soube que a neguinha ligou para a Maria Antonieta e falou mal de mim, disse que eu não era homem de verdade e que usava Viagra para dar no couro. São umas ingratas mesmo. No final das contas fui taxado de ‘broxa’ no meio das amigas. E a pretinha? A preta embarcou numa viagem aí cheia de raiva de mim. E eu que gostava tanto dela.


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Fui picada pelo mosquitinho aprendiz do Rubem Fonseca. Não chega nem aos pés dele, mas gosto MUITO da estrutura dos contos. Lendo e aprendendo, um dia eu chego lá. ;)

Meu Teatro.

02 abril, 2009

A minha vida é uma peça de teatro. Às vezes protagonizo, outras sou coadjuvante, noutras só figuro uma paisagem qualquer. Sinto-me um personagem de mim mesma; vez em quando atuo personalidades distintas mas quase sempre sou a mesma, mesmo que ninguém perceba a mudança de um ato para outro. Até gosto dessa existência teatral, ser um artista num mundo de negócios e ambições. Porém, é triste também. Lutar por causas usando uma falsa ideologia. O pássaro é feliz. Voa para onde quiser, é livre. Só deixa de ser livre quando o homem insiste em ocupar o seu papel, não como bom moço mas como vilão.

Veja as palavras, sinta-as. Elas também são livres, no entanto prendemos as palavras dentro de nós, nos livros e cadernos secretos. Somos livres em pensamento, entretanto aprisionamos a liberdade de expressão. Tudo é uma grande contradição. Eu continuo tomando o meu café preto. Sento em frente à mesa de trabalho, as cortinas se abrem e o espetáculo começa. Meu teatro, meu monólogo. Minha contradição.


Independente do que façamos colocamos sempre uma pitada de teatralidade, um misto de ficção e realidade. Represento bem por vezes, até voar eu já consegui. Quando esqueço alguma fala recorro à improvisação, mesmo sem nexo intercalo um jogo de palavras sem sentidos. Essas interpretações são na frente do espelho. Pois sinto-me mais livre só e nua das convenções.


Feche as cortinas. A emoção acabou e é tão sublime.


Zeca Baleiro e Fagner - Não tenho tempo