do tempo

28 junho, 2012

Não sei bem o que vim fazer/escrever aqui. 

Sinto uma imensa saudade da vidinha de algum tempo atrás: poesias, algumas crônicas, tardes debruçada em livros de romance. Madrugadas batendo papo com os amigos na internet. Alguma responsabilidade. Saudade do meu esconderijo, dos domingos percorrendo as praias de Floripa, de ônibus, uma mochila, paz, música e um dinheiro para uma Skol e um sanduíche natural.

Saudade de quando eu conseguia olhar o horizonte e ter esperança. De ficar em êxtase com uma paz que me preenchia só de olhar o mar, molhar os pés e rir sozinha refletindo as minhas maluquices. Saudade de chegar em casa, olhar a parede branca do quarto e espalhar no chão lápis, tinta guache e canetinhas... E em minutos, a parede toda rabiscada com breves desabafos e alguns desenhos. Saudade de chorar sem motivo aparente, mas lá no fundo saber que cada gota de lágrima era uma saudade, uma nostalgia, uma vontade de crescer, uma vontade de desatar meus nós e voar. 

Ah! Tempo que eu era ingênua e via nas pessoas só as coisas boas. Crescer dói, machuca. É como se cada aprendizado, cada "tapa na cara", cada conhecimento adquirido, cada stress do dia a dia vá corroendo a pele, a mente, expandindo a existência. Continuo com muito medo de crescer. Não evoluir, mas crescer. A evolução é uma necessidade. Crescer vem precedido de dores, de sofrimentos, de duros aprendizados. Evoluir resulta em novos olhos, reinventar-se, planejar, administrar a vida sem mais aquele blá blá blá. Evoluímos quando crescemos, e a cada quarteirão uma novidade. Se boa, aproveitar. Se ruim, batalhar para ultrapassar o obstáculo. 

Nesse momento tenho muito a escrever, como um desabafo intenso. Mas essa sensação de nostalgia e certa tristeza logo se esvai, porque há um bloqueio interno que toda vez martela um lembrete, e me recorda que eu não tenho mais tempo para sentimentalismos. E os resquícios de sentimento vão sedimentando a poeira no lugar do coração. 

E a conclusão? Uma bruta saudade de mim...