À beira mar

20 maio, 2013


O que há por trás do céu? 
Quem será que nos observa?
O que existe no horizonte, quando o mar toca o infinito?

Será o céu tão finito quanto o mar?
E debaixo da terra, o que existirá? Energia?

Fogo?
Gelo?
Mais água ou mais céu?

Qual a idade do céu?
Qual o tempo da nossa existência na terra?
De onde viemos, afinal?

Da música, do cantar dos pássaros? 
Somos sementes, talvez energia.
Ou será que somos pontos de interrogação?

É tudo novo de novo? E o que somos talvez seja só ilusão. 

Vamos mergulhar do alto onde subimos.

O que é isso que sentimos quando em conexão
com nós mesmos e com o Universo?

Uma vontade de viver e também de morrer e ser energia,
uma nova alma, um novo começo.

O processo do despertar

18 maio, 2013


É doido quando chega o momento. O terreno sempre foi propício, mas o despertar demora a florescer. Porém, cada cultivo, cada rega garante um forte crescimento. Enquanto a alma aguarda os anos e as estações, o corpo vivencia o que o mundo oferece. De certa forma, o corpo capta toda a energia necessária para o despertar, ainda que não haja consciência disto. 

De todas as maneiras, durante o caminho, evoluímos o espírito. Seja na leitura de um livro, ao assistir um filme, ao conhecer alguém especial. Neste último, tanto quando nos demais processos de (r)evolução, há uma infindável troca de experiência e conhecimento, fazendo com que as percepções se desenvolvam. E a cada nova percepção sobre a vida, o aparecimento de alegrias e tristezas. 

O processo do despertar traz também angústia, pois movimenta as células do nosso corpo, trazendo à superfície uma infinidade de sentimentos nunca antes experimentados, porque preferimos fechar os olhos para o que sentimos; tentando ser racionais, como uma válvula de escape, um escudo. Mas se analisarmos, acho que esse mecanismo deixa a vida mais difícil de enfrentar. Não é tão complicado ser simples, basta deixar vibrar.

As coisas boas vão acontecendo - e não são resultados materiais -, são as boas sensações que começam a transpirar na sua passagem pela terra. Todo movimento ainda que involuntário produz sementes, que são lançadas e o vento se encarrega de espalhar. Seja em um projeto, em uma conversa, num texto qualquer, em um sorriso, olhar ou abraço. É o cultivo que prepara a terra.

Quando você, enfim, se entrega; cada sensação é um renascimento. Despertar é uma escolha; é preciso que haja entendimento e esteja 100% pronto para receber o que a natureza tem a despejar nas nossas mentes. Encontre-se, deixe-se acreditar, liberte-se e entre em verdadeira conexão com você e com a vida. Ela é uma só e precisa ser vivida.

Eu poderia descrever cada partícula, cada célula restaurada deste meu processo do despertar, mas passaria horas escrevendo aqui. E sei que há muito o que aprender para que o download seja completo. E com perseverança, estou no caminho e já é uma grande vitória.

Desperte.   
   

O mar, o blues, o céu

15 maio, 2013

O mar, o blues, o céu
Conjunto harmônico
A natureza é singela
Não pede nada além de amor

Somos natureza
Somos um pouco de mar, de blues, de céu

Encanto-me ao ouvir o blues
enquanto observo
o mar tocar o céu
lá no horizonte

Produzo pequenos trechos
de poesias inacabadas
Por que a natureza não se escreve
Apenas se grava na memória

E pra que entender
Se é tão sublime a harmonia que há
entre o mar, o blues e o céu

Poemas inacabados, conjunto de palavras sem sentido
Assim que é bom viver, adormecer e amanhecer.



...
Rascunhos de um ano qualquer.

Poesia compulsiva.

A poesia é suja
delineia curvas em sentido anti-horário,
cujas palavras mudas caracterizam o que é arbitrário.
Grita sinônimos ocultos e dentre elas o verbo.

A melodia das palavras envolta em uma bolha
alcança altura tal que a natureza, com seus graves, agudos e baixos
sublima aquela sensação que só a música transmite.
E com o seu mais encantador ruivar, a melodia torna-se poesia.

...

Dasatando nós

06 maio, 2013


Eu só queria não ser tanto a m o r
Ter menos medo e mais coragem. 
Ser menos eu e mais ninguém. 
Esquecer-me por alguns instantes

Mas tudo lateja inconstante, deixando rastros
Largando pedaços de mim por todo lado. 
Não pedi para sentir, não pedi para amar. 
Nem ao menos pedi para estar aqui. 

Em um mundo tão cheio de lutas. 
Um espaço ocupado por diferentes energias.
Inúmeros sentimentos espalhados. 
Quebrando muralhas, desfazendo laços e deixando nós pelo caminho. 

Não, definitivamente, eu não queria estar aqui. 

Mas aqui estou e escrevo para desatar os nós.
Os dedos doem, os nós estão apertados e eu me sufoco. 
E num grande estouro, arrebento meus botões e me desfaço.

Desfaço o nó, ajeito o laço e me refaço

O choro incontido lava o rosto agoniado e traz a calma.
Mas na garganta, o desejo incontrolável de sentir. 

E na paz, eu vivo a eterna contradição de ser quem sou.

Imaginação

01 maio, 2013


Às vezes caminho entre nuvens de pensamentos, que me levam à tenra imaginação. Como se estivesse em plena levitação, meu corpo sente o vento, o calor do sol e o cheiro da brisa, de tal modo que me faltam os batimentos, como numa galáxia distante. Porém o coração acelerado assume o controle sobre o pulsar das veias em constante propulsão, levantando-me, alcançando pleno voo.

Com um pouco de sorte, mantenho-me equilibrada sobre a forte camada de nuvem e deixo que me leve, bem leve e relevo toda a angústia até aquele efêmero momento. Momento único, no qual me permito toda e qualquer loucura. A imaginação é o mais próximo que tenho para sair da bolha, para alcançar níveis nunca antes experimentado. E é a partir dela que a vida contradiz tudo o que não era possível realizar. Tudo o que foi dito de politicamente incorreto ou qualquer coisa do gênero. 

Então, como o doce mais gostoso da vitrine, deixo-me levar pela sensação de não sentir o corpo e ainda assim ouvir o pulsar do sangue irrigando minh'alma. E sinto o sopro que derruba lágrimas em meu rosto, como num processo de adubo espiritual. E neste exato instante, esqueço-me, abstenho-me do mundo real e vivo. Vivo cada segundo, porque olho para dentro e me vejo e compreendo. Compreendo a fragilidade, mas também a coragem e a rigidez da vida.

O choro cada vez mais forte cria um pequeno lago e posso ver o reflexo. Enxergo vidas, lembranças, saudades, sonhos, passado e presente. As lágrimas dão sentido, como um processo necessário de limpeza interior. Queria não sair mais daquele mundo, talvez daquele sonho, da imaginação que me levou a um lugar muito, muito distante. Habitado por mim e toda a natureza viva, intacta, perfeita aos meus olhos, que agora sorriem livres e cada vez mais evoluídos. Porque momentos assim fazem revolução dentro de mim.

É preciso voltar, e quando abro os olhos caiu de uma só vez. Sem dor e sem sofrimento. Só o sentimento de paz.