Índia

26 agosto, 2013


Corre nas matas densas
Dissolvendo seus sentimentos ao vento
Que sopra suave o sabor do mar
Canaliza sua aura e deixa a dor derramar

Espalha o suor das entranhas pelas folhagens
Escalando árvores e voando alto sua visão
Monta em cavalos arredios, cavalga por entre as águas 
Lutando bravamente por sua fiel liberdade

Escuta o barulho da cachoeira
Energiza-se, nua, o corpo e a alma
Que a luz branca que cai na superfície
Encha-te com a energia da natureza

Enquanto a fluidez das águas
Indica o incerto caminho do Ser
Contorna obstáculos, mas os conheça
Cante, dance, vibre o livre arbítrio

Que o seu espírito se conecte com a ousadia
Enquanto brincas com a melodia
De ser uma verdadeira índia 

Tempo Para Meditar

25 agosto, 2013


Relendo textos antigos, encontro um que escrevi e publiquei em 2009. Foi um desabafo cujo conteúdo dizia da chatice da TPM, vulgo Tensão Pré-Menstrual. Sobre a qual também falei o quanto era desagradável menstruar etc.

Hoje, quatro anos depois, e após três ciclos consecutivos, percebo a importância e o quanto é sagrado ser mulher. Antigamente, durante o período menstrual, as mulheres ficavam recolhidas em uma tenda chamada Lua Vermelha, que contemplava todo o sagrado do ciclo menstrual. Neste recolhimento, as mulheres ficavam mais reflexivas, criativas e se curavam espiritual e fisicamente.

O ciclo ainda é sagrado, no entanto hoje a menstruação é vista como algo sujo, irritante e um incômodo que passamos todos os meses. Eu também tinha essa percepção. Porém, após o meu contato com o Sagrado Feminino, através de conversas e estudos e a participação do primeiro Círculo do Sagrado Feminino, no Clã Filhas da Lua; obtive um outro olhar sobre o meu corpo, sobre o meu ser. 


Cada ciclo, cada mulher, cada ser é sagrado por si só. Seja homem ou mulher. Somos o yin e o yang, a energia feminina e a energia masculina. E isto me trouxe um conhecimento muito amplo sobre a forma de conduzirmos nossa vida neste Planeta. Mas, quero trazer aqui o meu parecer sobre todas as vivências que me permiti.

Não é feio ou nojento menstruar. É tão normal quanto respirar. Quando sangramos nos curamos, nos fortalecemos para um novo ciclo. Estamos em pleno contato com a Mãe Terra e com a Vó Lua. O sangue que expulsamos do nosso corpo, é o sangue que ia nutrir uma nova vida, um novo ser. E quando menstruamos, estamos limpando nosso ser para a vinda de uma nova vida, para um novo ciclo. E quando digo um nova vida, também me refiro a novos projetos, mudanças etc.

O ser feminino é um canal receptivo, especialmente quando estamos na Lua (sangrando), e se estivermos em conexão com o Sagrado, percebemos e sentimos diferente. Seria bom, claro, se neste momento pudéssemos nos recolher. Mas sabemos que o dia a  dia não nos permite. A vó Lua tem sido gentil comigo e me oferecido os finais de semana para ficar recolhida quando estou sangrando. E tem sido cada vez mais MARAVILHOSO e sagrado este contato comigo e com a minha natureza.

Você deve se perguntar: "o que essa maluca está dizendo?". Sim, no início achei meio maluca a ideia, porque a falta de informação e de conhecimento nos deixa ignorantes ao que é realmente essencial em nossas vidas. Fazemos parte da natureza, somos a natureza e devemos nos tratar como tal. Sendo a natureza sagrada, também somos sagrados.

Logo, a minha TPM é o meu Tempo Para Meditar sobre tudo o que precisa ser curado para a chegada de um novo ciclo. Cultivando a minha verdadeira natureza.

Quanto mais nos distanciamos da natureza, mais deixamos de Viver!
       

Palavras soltas

22 agosto, 2013


Tem dias que quero muito escrever, mas não sei exatamente sobre qual assunto. Surge palavras soltas, alguns sentimentos, meras distrações. Formo frases em pensamento, engatilho poesias, no entanto nada me parece fazer sentido. Então, apenas escrevo, dedilhando letras, palavras, parágrafos que dizem algo sobre mim, sobre a vida, sobre os dias. Neste momento, não sei quem realmente escreve: se sou eu, um pseudônimo, uma energia, um sentimento.

Há algo acontecendo que não sei explicar o que é. Talvez uma transformação, misturada com o recente renascimento, reconexão com a Mãe Terra, com a Deusa, comigo mesma. Estar em contato com o Sagrado trouxe uma nova forma de enxergar a vida. Ainda que energias ou espíritos tentem me desviar do caminho, mantenho o coração e a mente em harmonia para que continuem a caminhar, sem pensar no destino, sem pensar no amanhã. Vivendo o hoje com todo o seu esplendor. Sim, pensar no futuro me deixa um pouco ansiosa, devido aos novos caminhos que irão chegar. Entretanto, aprendi com os últimos acontecimentos a importância de viver um dia após o outro.

Cada momento vivido é um aprendizado, uma bagagem, um novo sentimento ou a transmutação de velhos sentimentos. Cada som, cada vento que toca o corpo, cada passo incerto, todo olhar ou sorriso, um beijo, um toque, um sussurrar da Mãe Terra é um indício do quanto é Sagrado viver neste planeta. Ainda que seja totalmente maluca a ideia de viver aqui. Não sei você, mas eu me pergunto todos os dias: o que eu sou, o que é o mundo, o que é o Planeta Terra, o que é o Universo? Soube dia desses que descobriram outros Universos. O que separa os Universos? Parece-me tão maluco. Mas, se aqui estou, que pelo menos meu caminho seja em toda a sua completude.

Mesmo que a gente se perca algumas vezes na inércia da vida, lá no fundo sabemos qual a nossa verdadeira missão: ser livre.    

O ritmo do corpo

19 agosto, 2013


E quando toca aquela música

O corpo se desfaz em arrepio
O coração pulsa ritmado pelas cordas do violão
Solidifica o instante puro e límpido

Cada partícula vibra uníssono
Caracterizando o sentimento que reverbera 
Quando o som penetra nas artérias 
E explode no peito, intenso e suave

A energia que o corpo exala
Flutua na sua mais pura forma
Conduzindo a sensação de leveza
Como numa bolha que voa na natureza selvagem

Íntegro, o corpo se une ao calor da música
Enquanto o ritmo se dissolve em gotas 
E como luz, tocam a fauna e a flora 

O som cristaliza

E os cristais formam a anatomia da partitura
Preenchendo os espaços vazios com melodia.

Permitir

14 agosto, 2013


Que eu me perca mil vezes
E encontre o caminho outras tantas
Deixo o sonho encobrir meus erros
Enquanto busco o eu sobreposto aos medos

Que a loucura traga sanidade
Pois o adjetivo do meu ser não é a santidade
Busco na maresia um gosto pela vida
Gratinando minha pele de luz

Que o lacre da solidão não se desprenda
É na solitude do meu ser que me encontro
Às vezes mulher, às vezes criança
Que os instantes me mantenham sólida, mas livre

No meu eterno livre arbítrio eu caminho
Na certeza de ser inteira quando me permito

07 agosto, 2013

Começo
Meio
Fim

Será que tem fim?
Cada começo se origina de um fim?
E o meio?

Que será que sei sobre mim?
Será meu mundo feito por quem?

E vai que o mundo tem fim, não passei pelo meio 
nem me permiti o começo, para não ter fim.

Começo, meio, fim.
Fim, meio, começo. 

Segue a roda viva, 
entre os meios e os tropeços.    

reconexão

05 agosto, 2013


Após alguns dias, começava a pousar levemente na terra. Sentindo a energia da gravidade, firmando os pensamentos e reavaliando o tempo que ficara inerte ao mundo, e a ela mesma. Os olhos ainda marejados coloriram o ambiente, iniciava uma profunda conexão com o Ser. Sentiu o corpo, o arrepio da pele, o vento tocar o rosto, o barulho do coração, o pulsar das veias. Voltou a si, portanto. 

Foram momentos de extrema solidão e inconstância, medo e choro, vazio e um preenchimento transbordante que não conseguiu definir a origem, nem mesmo o final... Se é que havia término. Tal como o rio que, em determinado momento, junta-se ao mar sem qualquer destino a partir dali. Teria o rio uma nova origem? Ou ao se embriagar ao mar, seria o fim? Perguntas borbulhantes faziam da sua mente uma enorme bolha, que se expandia de interrogações e pequenas exclamações, para se lembrar que estava viva. 

Tinha total consciência de que tudo que vivera até ali foi, em sua vida, o momento mais especial que pudera ter experimentado. Um momento recheado de pequenos instantes de vida, de gozo, de plenitude, de amor. E lá no fundo, sabia que continuaria a ser mais do que especial. Uma lembrança gostosa da sua breve vivência na terra. 

Não sentia mais tanto medo, o passar das estações a deixou mais leve de certo modo. Sentia-se viva, afinal. E a bolha que explodira deixou fragmentos dos sentimentos que vivera. O coração iluminado pela lua, mantinha-a aquecida. Seu interior tão íntimo trazia a sensação de dever cumprido, e a reconexão com o mundo a certeza de que teria muitos instantes para viver.

Talvez um novo ciclo estivesse começando. Ou tivesse que continuar a caminhar, pois entende que nada tem fim, nem meio. Nem outros começos, apenas um longo caminho de morte e reconexão. Mas em todos os processos, a capacidade de enfrentar-se e descobrir-se e manter aceso o fogo que vibra e reverbera por toda a natureza.

Ainda que a vida seja uma eterna contradição. 

O sol, mesmo encoberto por nuvens, continua a brilhar.