Babylon - Zeca Baleiro

12 setembro, 2008

Zeca Baleiro - Babylon


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Baby, i'm so alone, vamos pra babylon.

paixão pelo meu conterrâneo, Zeca Baleiro.

Subverter.

11 setembro, 2008

subverto-me, inverto as horas e o caos.
controlo-me, organizo o tempo e os sonhos.

subverto-me, transponho o medo à lucidez.

percebo-me, uma mera passageira em busca de um lugar à janela.

subverto-me!

desligo-me, morro em mim para viver o sol.

transtorno-me sem entender o girassol, transfiro meu ego e o meu pensamento além de qualquer infinito.

pequenos contos (1).

Não, Cecília não voltaria. Já estava feito o que fez, voltar seria se entregar às opiniões dos outros, não aguentaria isso. Sabia das dificuldades nos primeiros dias, talvez semanas, meses, mas precisava enfrentar a si.

- Sofia, posso ficar essa noite na sua casa? A viagem foi cansativa e não tenho como procurar um hotel a essa hora. Amanhã vou procurar um lugar, já tenho algo em vista. Marquei com a pessoa às 08hs.
- Sim Ceci pode ficar. Você sabe o que está fazendo?
- Talvez não, mas é assim que vai ser. Obrigada pela sua recepção.

Seu pensamento estava transbordando medo, imaginou desesperamente o novo mundo que construirá dalí por diante, sensação de paz e confusão. Adormeceu.

No dia seguinte chegou ao local na hora marcada, esperou pelo tal Bernardo que iria levá-la ao flat. Com uns 15 minutos de atraso, Bernardo logo se desculpou.

- Não vamos perder mais tempo... Para que lado é Bernardo?
- Depois da praça. Desculpe a pergunta, quantos anos você tem?
- 23, por quê?
- Está saindo de casa?
- A história é longa, talvez não queira falar sobre o assunto.
- Ok.
- Aqui está. Este é o flat. Nada luxuoso, bem simples mas acho que você vai gostar.
- Sim, para começar está bom. Te dou uma entrada agora e os próximos pagamentos deposito na sua conta, pode ser? Segunda vou fazer uma entrevista em um novo emprego, vou demorar um pouco para me adaptar à nova vida, à nova cidade e etc.
- Claro, está bem bom assim Ceci... Cecília, né?
- Isso mesmo. Bom, acho que já vou ficar por aqui, algum problema?
- Não, claro que não. O flat é seu.
- Obrigada, Bernardo.
- Obrigado você, Cecília, espero que goste e precisando estou às ordens, guarde o meu cartão.
- Ok, até mais.

O flat era pequeno, mas ideal para o que precisava. Depois de dois dias ligou o celular e havia milhões de ligações de seu pai. Apenas respondeu que estava tudo bem. Trocou de chip, assim não precisava dar mais satisfações.

Arrumou algumas peças no armário, listou o que precisava comprar, trocou de roupa e foi ao Centro da cidade. A cidade era tranquila, um município não muito longe de onde morava, mas um bom lugar que havia conhecido em um desses finais de semana que veio à casa de Sofia.

Fez um roteiro e, logo que viu uma casa de artes pulou algumas fases de seu jogo de sábado. Entrou na lojinha e comprou o necessário para fazer suas pinturas. Um bloco de papel reciclado, algumas canetas para escrever seus diários inéditos. Foi ao supermercado, ao shopping e em uma lojinha que vende coisas para o lar. Há algum tempo, Cecília já guardava dinheiro para a concretização deste momento.

Já era perto do meio-dia, estava cheia de sacolas, parou num restaurante próximo ao flat. Escolheu uma mesa perto da janela.

- Pois não senhora, posso ajudá-la?
- Por favor, o cardápio.
- Cecília?
- Oi Bernardo, há quanto tempo, não!?
Riram.
- Então, é aqui que você trabalha?
- Sim, já faz dois anos.
- Desculpe, nem prestei atenção ao cartão que você me deu.
- Não tem problema. Este singelo restaurante foi herança do meu pai, enquanto eu não posso fazer o que desejo vou me virando com ele.
- Claro.
- E então, o que deseja?
- À moda da casa, por favor.
- Boa pedida. Vou solicitar, fique à vontade.

Abriu uma das sacolas, tirou um bloco e uma caneta vermelha. Esboçou os primeiros versos. Encheu os olhos de lágrimas e pensou na loucura que fez e estava fazendo. Mas, agora, estava intimamente ligada a si e somente a si mesma podia contar, isso satisfez seu ego. Enfim, Cecília começou a construir o mundo sobre seus olhos.

pequenos contos.

06 setembro, 2008

Foi um dia desses, não sabe-se exatamente quando. O dia estava nem quente, nem frio. Um dia desses em que ela resolveu sair por aí, embarcar em um viagem qualquer, que a fizesse livre. Só se sabe que era primavera, já chegando o verão. Simplesmente foi. E não se ouviu mais falar dela.

(semanas antes...)

- Cecília, quando você vai procurar um rumo?
- Quando não for um simples objetivo.
- E qual é o seu principal objetivo agora?
- Ficar calada, sozinha.

Aqueles dias eram gelados, por dentro. A tal da paciência já não fazia sentido. Percorria seu inconsciente atrás de alguma solução, atividade invasiva. Seguia seus dias como todos os dias, chatos. Ouvir música e escrever eram seus refúgios. Mas ainda assim, lá no fundo alguém programava um suicídio interior.

- Cecília, o que aconteceu?
- Nada!
- Você anda estranha...
- Sou estranha.
- Acorda para a vida menina!
- A vida que dormiu pra mim.
- O que você pretende fazer com ela?
- Entendê-la, talvez.
- E além do mais, não fala nada com nada...
- Adeus, vou dormir.

Aquele dia tinha passado muito rápido e todos os seus passos eram inconscientes. Escreveu uma carta, arrumou algumas coisas na mochila, organizou seu quarto, e partiu.

(no dia seguinte...)

- Cecília, você não vai trabalhar hoje?
Silêncio.
- Cecília?
Toc Toc.
Barulho de porta abrindo.
Barulho de alguém abrindo um envelope.
- Paaaaai!
- O que é menina?
- Cecília fugiu.

Um sorriso de satisfação nascia em Cecília, ela conseguiu o que seu mundo nunca lhe permitiu. Viveu, finalmente.

[em breve, novos capítulos de Cecília]