pensamentos soltos, abstratos.

16 dezembro, 2008

Sensações.

Ah, aqueles suspiros. De amor, de ódio, de paixão, compaixão.

Sinestesias, calafrios, sensações.

Sensação de morango com leite condensado. Dobrado, coberto o corpo com aquela sensação tocando a pele. Sensação.

Juras, palavras, letras, sons, dedos, olhos, boca, tudo é sensação.

Ah, sensações, sonhos, pesadelos, frio, calor.

Ardor, de ver, tesão, prazer, fogo, fome, satisfação, necessidade.

Através das sensações.

O coração acelera, endorfina, adrenalina, sensação.

Hmmmmmm, sentir é o melhor poder que o homem é capaz de gerar em si e no outro.

O movimento.

M O V I M E N T O
A T E N T O
P I N T A N D O
A
A R T E
Q U E A R D E
M O V I M E N T O
C O N F U S O
CU R T O
A C E S O
C U R V A S
V O L T A S
A D E U S
C O R E S
T I N T A S
V I D A
M O V I M E N T O
M O V I M E N T E - S E
C R I E
M O V I M E N T O
M O N U M E N T O
A D V E N T O
V E N T O
S U R G I R O M O M E N T O .

pequenos contos (4)


- Cecília, posso entrar?
- Sim, Sr. Lopes, pois não?
- Quero que venha passar o natal em minha casa, com a minha família. O que me diz?
- Mas Sr. Lopes não quero incomodar.
- Por favor, Cecília se você me incomodasse já tinha te mandado embora!

Riram.

Cecília já estava pensando na ceia de natal, o primeiro de muitos que passaria sozinha. Mesmo receosa de não ter todo aquele calor e fraternidade que sempre tivera nos seus natais, estava tranqüila, encarou aquela solidão como um retiro espiritual. Mas confessa para si que adorou o convite do Sr. Lopes, já tinha certa amizade com as filhas dele. Até se convidou para passar o natal na casa de Laís, mas a família dela passaria o natal no sul.

Todo aquele espírito de final de ano era nostálgico, Cecília já não via o natal com os olhinhos de criança a esperar pelo papai noel e todos os seus amigos a brincar na rua durante o dia vinte e cinco de dezembro. Reservou-se a pensar em si sem fazer planos para o próximo ano, precisava organizar mais sua vidinha e então quando tivesse tudo em perfeita estabilidade começaria a pensar em algumas ações.

De todo modo, sentia que aquele final de ano tinha uma espécie especial de sensação. Foi um ano de muitas realizações, principalmente pessoal.

- Oi Luan, tudo bem?
- Oi linda, tudo bem e com você? Saudades suas.
- Saudades também. Estou bem. Liguei para te dizer que não poderei passar o natal com você e sua família, pois tenho outro compromisso nesta data. Mas podemos pensar na festa de ano novo, juntar a galera da faculdade e tal. O que acha?
- Juro que senti por você não passar conosco, mas a escolha é sua. E quanto ao ano novo, claro que podemos providenciar.
- Ótimo! Então, lá pelo dia vinte e nove eu te ligo para podermos combinar.
- Mas só no dia vinte e nove, to querendo um beijo seu.
- Ai que bonitinho que você é, Luan. Sim, só no dia vinte e nove, no dia vinte e seis acho que vou a minha casa ver minha mãe e minha irmã.
- Certo, tudo bem eu entendo e fico com saudades.
- Que bom que você é compreensivo. Bom, tenho que desligar, preciso terminar uns relatórios. Beijinhos.

Cecília conheceu Luan no primeiro dia de faculdade, foi o primeiro a puxar papo com ela e descobriram muitas coisas em comum. Ele queria namorá-la, apesar de gostar bastante dele, não sentia sentimento suficiente para algo mais sério. Além do mais, havia outra pessoa perturbando o sono dela.

Fim do dia e férias coletivas. Cecília saiu do trabalho e foi ao Centro comprar uma roupa nova para o Natal e para o Ano Novo.

- Bernardo?
- Cecília?
- Nossa, quanto tempo rapaz.
- Pois é, você nunca mais foi almoçar no meu restaurante.
- Ai Bernardo, tá tudo tão corrido. E no final das contas só nos encontramos quando digito a sua conta lá no atendimento automático.

Riram.

- E aí, onde vai passar o Natal?
- Na casa do meu chefe.
- Hm, legal. Então, se não tiver compromisso para o Ano Novo, fechei uma festa no bloco C do Clube, o jantar será servido pelo meu restaurante. Se quiser comparecer vou adorar, e se quiser levar mais alguém manda e-mail com os nomes.
- Pôxa, Bernando, legal. Vou ver com um pessoal e te aviso então. Obrigada pelo convite.
- Até logo, Cecília.

A família Lopes sempre foi muito atenciosa com Cecília, gostavam muito dela e a receberam muito bem durante a ceia.

- Um momento Marina, vou atender meu celular.
- Alô?
- Mana?
- Oi, que voz é essa?
- Papai mana. Papai faleceu.

São Luís do Maranhão

15 dezembro, 2008


Entre o rumor das selvas seculares, 
Ouviste um dia no espaço azul, vibrando, 
O troar das bombardas nos combates, 
E, após, um hino festival, soando. 
Estribilho 
Salve Pátria, Pátria amada! 
Maranhão, Maranhão, berço de heróis, 
Por divisa tens a glória 
Por nome, nossos avós. 
 
Era a guerra, a vitória, a morte e a vida 
E, com a vitória, a glória entrelaçada, 
Caía do invasor a audácia estranha, 
Surgia do direito a luz dourada. 
 
Quando às irmãs os braços estendeste, 
Foi com a glória a fulgir no teu semblante 
E foi sempre envolta na tua luz celeste, 
Pátria de heróis, tens caminhado avante. 
 
Reprimiste o flamengo aventureiro, 
E o forçaste a no mar buscar guarida 
Dois séculos depois, disseste ao luso: 
- A liberdade é o sol que nos dá vida. 

E na estrada esplendente do futuro, 
Fitas o olhar, altiva e sobranceira, 
Dê-te o porvir as glórias do passado 
Seja de glória tua existência inteira.


_______
Lá eu estarei em breve! \o/

poesias inexistentes.




São tantos atos falhos
São tantos fatos abstratos

Concretiza-se ilusões
Desafia-se a utopia
Não se acredita em corações
Diagnostica arritmia

Vai, vai viver de medo
Porque o medo engrandece
Ludibria o segredo
E o viver entorpece

Pese, prece
Adormece enquanto o mar
Levanta-se em ondas
Para lavar a alma.

Não sabemos voar
Mas os pensamentos nos levam longe.




Era outono...

10 dezembro, 2008

Era outono, o dia estava frio e nublado. Sofia acordou, pela primeira vez, sem olhar o relógio. Não queria saber do tempo. Ajeitou os cabelos com as mãos, massageou seu pescoço em movimentos circulares. Abriu a janela e fitou o dia nublado, fez cara feia. Iniciou sua rotina matinal [sem olhar as horas].
Calmamente escovou os dentes, trocou a roupa, tomou um café, trocou algumas palavras com seus familiares. Voltou para debaixo das cobertas e ali ficou algumas horas. Emprestou seus ouvidos à freqüência que saia do seu rádio, acompanhou as melodias com os dedos dos pés. Não queria levantar, por ela ficava naquela mesma posição o dia todo. Separou uma roupa e foi tomar um banho.
Pegou um livro, algum dinheiro e as contas que precisava pagar, seu material de desenho que estava guardado a algum tempo. Colocou tudo em uma grande bolsa. E saiu. Sem saber que horas eram.
Saiu sem rumo, sem um roteiro, pela primeira vez. Seguiu em direção ao shopping, pagou as contas e foi a uma praça. Sentou em um banco, fitou o mar e abraçou-se sentindo o vento frio e forte. Abriu a bolsa e sem escolher pegou o livro que já está lendo e que acha muito bom. Colocou os óculos e foi na página onde havia parado na noite anterior.
Leu umas quatro e cinco páginas. Observou seu material de desenho, pensou antes de pensar em pegá-lo e fazer alguns rabiscos ali mesmo... Desistiu. Recolheu seu livro, fechou bem o casaco e foi em direção ao ponto de ônibus, não tinha mais nada para fazer por ali e pela primeira vez olhou para o relógio, 15h30. Correu para pegar o ônibus que estava saindo e foi ao Centro para tomar outra condução para casa. Respirou fundo e foi.
Tudo a sua volta era grande demais naquele dia. Sentia que o sol havia despontado mesmo antes de sair, mas não a tocava, seus olhos se fixaram naquele dia frio e nublado ao amanhecer. Sentia-se pequena demais para estar em um mundo tão grande, perplexo mundo in-justo.
Comeu alguma coisa e colocou o roller. Ficou alguns minutos brincando na rua com os seus primos, cansou. Voltou para a cama. A música é sua eterna companheira. Logo, começou a arrumar seu cantinho. Colocou tudo no seu devido lugar. O som alto. Cantava junto, aparentemente contente. O pensamento já era frio e nublado. Terminou o serviço em seu canto, organizou outras coisas em outros ambientes da casa. Voltou para a cama, sem nem saber que horas eram.
Trocou vários cds, escutou e anotou algumas notas provenientes das músicas e de seu pensamento. Para Sofia não lhe restava mais nada a fazer naquele dia, chorou depois de muito pensar em nada. Sentia-se um obstáculo em seu próprio caminho, criou seu casulo com muros altos para se proteger, dela mesma. Ainda tem esperanças que o dia seguinte seja de céu e sol lindos e limpos.
Sofia conseguia descrever claramente todos os seus momentos, mas descrever só não lhe bastava, no entanto só a ela importava todos os seus momentos. E, de qualquer forma, sabia que ninguém a entenderia.
Dormiu, a música a embalou.

Clarice Lispector

1920
Clarice Lispector nasce em Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro, tendo recebido o nome de Haia Lispector, terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. Seu nascimento ocorre durante a viagem de emigração da família em direção à América.
_____
Toda a obra de Clarice Lispector é fruto desse conúbio constante do pré-lógico com o metalógico. O que está por baixo e antes da consciência, com o que está depois e acima dela. Seu estilo foi e continuará a ser a expressão pura de sua pessoa. Sem ter a mínima intenção de fazer surrealismo, de criar uma nova forma ou mesmo escola literária como fez André Breton. Clarice foi surrealista e supra-realista sem querer. No sentido total de uma expressão literária, que liga o que está antes da voz e da palavra expressa, isto é, no fluxo do monólogo interior pré-verbal, com a presença superior do deus invisível, sempre presença na vida como na obra dessa alma trágica de mulher, que representou tão bem em nossa vida intelectual, essa realidade perturbadora do Eterno Feminino goetheano. Fusão absolutamente espontânea, que não pode ser logicamente expressa, por viver em nossa sombra interior, antes mesmo de ser eliminada pelo mistério da graça divina. Essa fusão espontânea de luz e de treva será, porventura, o segredo dessa mulher fatídica e do tipo profético de sua genealogia judaica. No seu último livro, em dedicatória escrita um mês antes de morrer e que recebi, no próprio escritório de seu último editor, José Olympio, essa mulher atormentada terminava suas palavras de afeto, ao seu primeiro editor, com essa sentença literal que tudo explica: “Eu sei que Deus existe.” Sua trágica solidão teve também um Companheiro.
Quisera eu poder dizer em seus olhos o meu apreço por ti
Suas palavras intensamente lindas incorporam minha insensata distração
Copiar você? És única e bela. Tê-la envolvida em minhas palavras é o modo que busco para ser tão verdadeira quanto você. Clarice, Clarice, Clarice, flor de Lis...

Contradições.

08 dezembro, 2008

Hum...

Esses dias mamãe me disse que eu vivo me contradizendo.
Sempre digo que as mães sempre têm razão, hihi.

:D

Clarice Lispector

Minha voz é o modo como vou buscar a realidade; a realidade, antes de minha linguagem, existe como um pensamento que não se pensa, mas por fatalidade fui e sou impelida a precisar saber o que o pensamento pensa. A realidade antecede a voz que a procura, mas como a terra antecede a árvore, mas como o mundo antecede o homem, mas como o mar antecede a visão do mar, a vida antecede o amor, a matéria do corpo antecede o corpo, e por sua vez a linguagem um dia terá antecedido a posse do silêncio.
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H.

Sentidos

06 dezembro, 2008

Ela olhava longe, tão tão longe
que se perdeu em pensamentos

Por alguns momentos
pôde desfrutar daquela paz

Não pensou em nada
durante todo aquele tempo

Tinha os pensamentos soltos
sem raciocínio nenhum

Ela continuava a olhar longe
e sem querer pegou-se lembrando

E querendo descobrir um mundo
que ela nunca procurou entender

Ah, como sentiu vontade de driblar seus medos
e contra atacar sua mera vontade de viver

Ela olhava longe, tão tão longe
sem querer perdeu a respiração...

Personagens

Ah, como eu queria incorporar meus personagens e sentir na pele a intensidade das palavras.

D E I X E

02 dezembro, 2008

[...]

sobrevoar o caos por dentro.

busque a inexatidão.
crie sobre si a grandiosidade
das reticências.
canse de ser tão normal
o incomum é tão mais legal.
ouse enquanto a vida não te vira de ponta cabeça e desabe a vontade que vem de dentro.
sorria. adoro sorrir dos meus próprios fracassos.
ligue não,
isso são palavras soltas de quem quer se soltar para o mundo,
uma mera irreflexão.
:D

Inspiração

Sei lá, simplesmente vem.
Sem saber por onde, recebo-a de mente aberta.

Abro-me em pedaços repartidos aleatoriamente,

incerta.

Cubro as horas com a inspiração que chega e retém...

Retém meus poucos minutos de abstração.

Recupero o sentido e as palavras me tomam, porém

As curvas perigosas que minha mente tumultua sem coerção.

Cultuo o pouco que sei, daquilo que nem sei.

Claro, escuro, escuro, claro...

Canto cantigas que a inspiração me traz.

Sem perceber comparo

Sinos, sinais, sons, rítmicos ou não.

Não é preciso coesão, a melodia basta para a inspiração.

meras poesias.

26 novembro, 2008

Sinto-te profundamente entre meus poros
A pele em frenético arrepio me surpreende quando sinto seu toque pelo sopro do vento.
Ah! Poder falar-te dos meus anceios, puramente simples,
Faria dos meus sentidos o doce que sinto quando o derramas no meu corpo.
Oh! Madrugada.
É com ela que flutuo esse sentimento, enquanto percebo sua presença entre as estrelas.

Doe!

25 novembro, 2008

O que não é mais necessário para você, pode ser necessário para outro!!
Galera de Floripa e região, doe o que você puder para ajudar aos desabrigados: alimento, vestimenta, calçado, roupa de cama, qualquer coisa que possa levar o mínimo de conforto para quem precisa é bem vindo.
Quem puder ajudar entra em contato comigo.
Agradecemos!

A força da água.

chuva

chu.va sf (lat pluvia) 1 Meteor Vapor d'água, condensada na atmosfera, que se precipita sobre a terra em forma de gotas. 2 Água que cai das nuvens. 3 Tudo que cai do ar em abundância: Chuva de cinzas. 4 Abundância, ocorrência simultânea e sucessiva de muitas coisas: Chuva de pedidos. 5 Bebedeira, embriaguez. sm gír Indivíduo que se embriaga com freqüência. C.-criadeira, Reg (Nordeste): chuva miúda e contínua. C.-de-caju ou c.-de-rama: chuvas que, no Norte do Brasil, caem em setembro e outubro e favorecem a maturescência dos cajus. C.-de-ouro, Bot: a) planta orquidácea (Oncidium flexuosum), também chamada de canafístula-verdadeira; b) planta ornamental, da família das Leguminosas, subfamília das Papilionáceas (Laburnum vulgare ou Cytisus laburnum). C. de pedra, Meteor: precipitação de granizo; saraiva, saraivada, granizada. C.-dos-imbus: o mesmo que camboeira. Estar na chuva: estar embriagado.



Quanto significado tem a chuva, interessante saber suas variações. Também há aqueles significados como fartura para o plantio, bênção depois de uma temporada de seca, refrescante depois de um dia inteiro de muito calor.

Porém, para quem está acompanhando os últimos acontecimentos no Estado de SC a chuva significa morte, tragédia, perdas, fome, frio, desabrigo. É, a chuva já não é mais tão abençoada nesses últimos três meses.

Nós enfrentamos a natureza com tanta vontade e força, e mal sabemos a força que ela tem. As consequências estão expostas em todos os meios de comunicação. Não podemos trazer de volta os que se foram, mas podemos ajudar com pouco cada um dos que perderam seus patrimônios.

Quem sabe isso tudo conscientize o ser humano, o quanto a natureza oferece para o equilíbrio do universo. Quanto mais utilizarmos suas fontes sem repor mais desequilíbrio obteremos. Buscamos tanto por equilíbrio emocional, pessoal, corpo e mente, no entanto não entendemos que toda a natureza contribui, positiva ou negativamente, para o nosso equilíbrio: é só saber usá-la.

O aquecimento global está na nossa cara, e insistimos em contribuir para piorar a situação; a população cresce mais a cada ano, são mais habitantes que contribuem para o desequilíbrio do planeta. Chega, não tem mais espaço! O mundo já não é tão verde e colorido, tem um panorama cinza, sem brilho cuja matéria é de concreto. Quem sabe andaremos por aí com máscaras de oxigênio? Logo, logo teremos algumas empresas especializadas nisso. Imagine! Máscaras com cores e design personalizados para as meninas combinarem com os seus sapatos? Legal, heim!?

Será o fim?

Desculpem o meu protesto, isso é sincero, vem de dentro. De todas as formas toda essa tragédia que está acontecendo por aqui me tocou. Falar não vai resolver o problema daqueles que estão em abrigos, mas quem sabe conscientiza.

Eu não sou exemplo de "indivíduo ecologicamente consciente e correto", mas nunca perdi a humanidade.

Mais notícias sobre a tragédia em SC,
aqui.

penso pensamentos, peso.

24 novembro, 2008

Sinto como se meus pensamentos fossem efêmeros, criados pelo confuso fato de que não viveria sem pensar. Pensar machuca tudo que temos ao nosso redor, ao mesmo tempo que supre toda a importância do ser.
Partindo do princípio que "se penso, vivo"! Tão incompreensivo, incomum, passivo de suicídio quando em um pequeno espaço de tempo escolho, simplesmente, não pensar. Tão incoerente não querer pensar que pensar virou rotina. É chato pensar algumas vezes, é torturante, massante, cansativo. A mente em profunda atividade buscando completar, traduzir, retificar, glorificar e entender lapsos subsequentes que insistem em julgar os atos, impor obstáculos aos anceios, procurar modos de como agir ou solucionar um problema causado por um pensamento ou ato de um outro, e até de nós mesmos.

E este círculo vicioso/virtuoso nos convida, dia após dia, a manter a mente aberta aos novos e velhos pensamentos e quando estivermos cúmplices e em paz com nossa mente, da mesma forma que os pensamentos virão, irão sem esforço, causado pelo equilíbrio entre nós e o que nos abraça.

Quando isto acontecer os pensamentos já não serão os monstros que criamos e, sim, uma leve brisa capaz de revirar uma cachoeira de virtudes.

Bilhetinho azul.

21 novembro, 2008

Vocês lembram sobre um Concurso Literário que participei? Então, foram exatos 3 meses de luta quase diária para saber o resultado do bendito concurso, eu ligava e um amigo que participou também. Sempre tínhamos uma resposta na ponta da língua, mais uma desculpa do que qualquer outra coisa pacífica de credulidade.
Enfim, eis que me vem uma resposta, em suma: a verdade é que o concurso não teve coro suficiente para ser um grande evento, a comissão concluiu que é mais fácil premiarmos todos os pseudo-escritores, com um singelo agradecimento pela participação.
Muito bom! Cadê a M do incentivo à cultura? O povo precisa de conhecimento, coisas úteis, inteligentes, bonitas. Chega de "eguinha pocotó" e outras breguices que só deixam a população mais inerte. [Desculpem o protesto].
Ainda assim, eu mesma premio o meu conto, gostei dele, achei fofo. Faço dele, digno de primeiro lugar e a crônica do Nando também! Se ele me autorizar, vocês entenderam um pouco sobre Floripa em palavras suscitas, populares e com um pitaco de um mané apaixonado pela ilha.
_______________ Bilhetinho Azul.
Seu mais ligeiro olhar facilmente me descerra era o que dizia aquele bilhetinho azul. Senti um leve pulsar das minhas veias latentes que iam desde o pescoço ao início do pulso.
Impossível compreender que tal sentimento era puro, se há dias atrás nem um olhar encontrava o meu. Deixei que aquela sensação de ser amada tomasse conta do meu corpo e alma, mesmo que a razão, ousada, bloqueasse o momento.
Aquele bilhetinho azul fez de um dia cinzento o céu mais colorido, e o arco-íris tinha seu começo e fim do lado esquerdo do meu peito. A chuva era constante e densa, adentrei por baixo dela rumo à praça, vazia, pelo medo da tempestade. Naquele momento nem a mais intensa garoa me faria ficar longe do mundo que me cercava.
Avistei de longe uma silhueta inquieta atrás dos arbustos altos da praça, com os quais um belo cercado abraçava o parque. Observei aquela inquietação insistente e, de onde eu estava ouvia sua respiração ofegante. Paralisei os passos, devagar chegava cada vez mais perto. O coração agora pulsando de medo e de amor.
A chuva cessou um pouco, um silêncio repentino se fez presente. Consegui distinguir uma figura fina, cabelos compridos e uma franja que lhe cobria os olhos. Tinha altura mediana e os olhos inchados pela tempestade ocular.
- Oi – investi em um diálogo. Ela se limitou a olhar de canto.
- Você precisa de ajuda? – insisti com medo de parecer impertinente.
- Oi. Não preciso não, só preciso ficar só. – disse.
- Mas você não pode ficar nesta chuva, molhada deste jeito, pode ficar doente – tentei ajudá-la.
- E quanto a você? Também está na chuva. – falou um pouco aborrecida.
Sorri.
- É, você tem razão, mas é que me faltou razão quando escolhi estar aqui – expliquei-me.
- Você deve ser louca! – exclamou.
- Desculpe a intromissão. O que são essas folhas rasgadas? – perguntei.
- Velhas obras, indistinguíveis. Meras palavras, letras crônicas, sem sentido. Ando exausta, sou um nada. Queria ter nascido da arte, crescido com a arte e quero morrer pela arte. Tanto esforço desnecessário, se nem ao menos tenho alguém para me incentivar. Todas as folhas rasgadas foram textos, desenhos, obras sem sentido mais que tinham todo o sentido para mim. Agora, as folhas, nem para reciclar. A arte que pulsa dentro de mim não serve nem para álbum de fotografia ou museu. Desculpe o desabafo, você não deve ter entendido nada e ainda deve estar pensando que a louca sou eu.
- Não, não, de forma alguma, pode desabafar. Você não me conhece, mas quando estou angustiada nada melhor do que conversar com alguém, e saiba, melhor ainda quando não conhecemos o ouvinte, pelo menos não nos dão conselhos.
- Estou frustrada, angustiada. Cansada de ser quem não sou. A arte pulsa dentro de mim e as pessoas com quem convivo acham loucura.
- Sei como é. Não sei ao certo o que tem acontecido com você, mas já encerrei alguns capítulos da minha vida com esta mesma essência: quero algo assim e o mundo quer ao contrário. Mas saiba que todas as vezes que encerrei estes atos, finalizei sobre a minha própria vontade. Na maioria das vezes pude sentir o gosto do sucesso e do fracasso.
Ela apenas me fitava com aqueles olhos negros, grandes. Sentindo-se invadida por uma estranha. Quando terminei de pronunciar aquelas poucas palavras, num lapso, ela se levantou e correndo tomou o seu rumo.
- Ei, para onde vai? Quer ajuda, carona? – perguntei aos gritos.
Recebi só um sorriso.
Depois, a tempestade retornou junto com um belo sol alaranjado e amarelo que despontava no horizonte. Sorri, li novamente o bilhetinho azul. O fim de tarde ganhou projeções de algumas novas sombras, mas a luz já não aquecia, principalmente depois das roupas molhadas.
Contornei a praça e segui em direção à avenida, querendo que aquele momento nunca tivesse fim. Compenetrada em meus passos, questionei-me o que há em mim que fecha e abre. Confusa, lancei um sorriso e aquele mesmo olhar, ligeiro, resultou em dias melhores.

ºº
Autora: Lívia Brito, escrito originalmente em 24 de agosto de 2008, com uma ajudinha especial na revisão, thanks baby.

momento poético.

Ah! Se eu pudesse com os meus olhos acariciar a sua pele.
Com o meu olfato sentir o seu coração acelerado.
Se o meu tato fosse propositadamente levado ao alcance do seu cheiro.
E a minha audição, pura e simplesmente, disposta a ouvir sua boca.
Enquanto meu paladar se delicia com as palavras que saem das suas letras.
Eu não me importaria de viver essa singular confusão indiscreta dos meus sentidos.

pequenos contos (3).

- Cecília!?
- Oi mana, posso entrar?
- Pai, mãe venham aqui!
- O que foi Júlia? Quem é?
- Cecília, minha filha, que susto que você nos deu. Vem, vem entre. Deixe eu te ver, você está bem? Ô meu amor, por onde andou?
- Acalme-se mamãe, estou bem. Oi, Pai.
O pai limitou-se a olhá-la de cima a baixo e foi para a cozinha.
- Desculpe seu pai Lia, ele está muito magoado com você.
- Tudo bem, mamãe. Não vou me demorar muito, vim apenas dar um alô e pegar mais algumas coisas que não pude levar. Pedi folga do trabalho para fazer essas tarefas e resolver minha transferência na faculdade.
- Como assim, Cecília? Você não voltou para ficar conosco?
- Não mãe, desculpe-me. Estou bem, trabalhando, estudando. Está melhor assim. Você sabe melhor do que ninguém a minha necessidade de seguir minha vida, todos sabem. E, além do mais, preciso da minha independência. Só peço desculpas pela saída tão brusca, sem nem me despedir, mas foi melhor assim.

As duas conversaram por mais alguns minutos. Cecília foi ao seu antigo quarto e sentiu o peito apertado de saudades, apesar de tudo foi com aquela família que aprendeu sobre a vida, o lado bom e o obscuro da realidade.
Enquanto colocava umas roupas na bolsa sua irmã entrou no quarto e lhe deu um longo abraço. Choraram e trocaram alguns segredos.

Cecília foi embora com o coração em lágrimas, sentir a rejeição do seu pai doeu, mas sabia que o gênio dele não abriria mão do orgulho para apóiá-la.
No fim da tarde, Cecília já estava em seu apartamento, organizou sua mochila e foi para o primeiro dia de aula na nova faculdade.
Antes, montou seu quadro na parede da sala e escreveu:


Que os meus olhos nunca ousem olhar o obscuro, mas que minha mente possa compreender a essência da solidão.


Dali em diante, Cecília teria uma atividade a mais, ficaria mais cansada para diversas outras coisas, ela sabia disso, mas o cansaço não abalaria todas aquelas conquistas. Já havia passado um mês depois que começou a trabalhar na Vegan. Há poucos dias recebeu seu primeiro salário, estava radiante e começando a deixar o ap com os seus detalhes. Ela e o Sr. Lopes se dão muito bem, são como pai e filha; aliás, todos na editora são muito bacanas, Cecília se sente em casa.

Todos os sábados vai para a biblioteca pública, tem livros incríveis que contribuem com o seu trabalho na editora e para as informações que coleciona há dois anos para a publicação de seu livro. Na biblioteca conheceu Laís, que também tem o mesmo propósito e faz faculdade de jornalismo. As duas se identificaram uma com a outra e são muito amigas.
Era sábado e o sol estava brilhando alto. Foi até a biblioteca, pois sabia que encontraria a Laís por lá.

- Laís, vamos para o clube?
- Ah!, não Cecília, tenho muitas pesquisas para fazer.
- Mas Laís, temos direito de um descanso, pôxa! Quem sabe não pegamos uns livros, vamos na sua casa, você pega umas roupas, vamos para o clube e você dorme lá em casa? E aí, gostou da idéia? Vamos, vamos!
Laís ficou pensativa por alguns minutos, enquanto terminava de copiar mais uma citação.

- Ok Cecília, você venceu! Mas, amanhã vamos estudar, promete?
- Tá bom amiga, prometo.

O clube estava apinhado de gente, Cecília olhou para Laís com cara de preocupação, por que sabia que Laís não gostava daquela badalação toda. Laís deu um sorriso de “rilex”.


distração do dia.

18 novembro, 2008

Eu sempre sonho que uma coisa gera,
nunca nada está morto.
O que não parece vivo, aduba.
O que parece estático, espera.


º Adélia Prado.

Sessão Nostalgia.

Hoje acordei com cheiro de infância.

Que saudades daqueles desenhos animados, e bem animados.

Hoje em dia as crianças veem mais violência do que animação, já não vemos mais desenhos como antigamente e, dizendo isso, sinto-me uma velha. haha.

Poderia citar muitos desenhos que eu era apaixonada e não perdia um capítulo. No entanto, no post de hoje relembro uns bichinhos muito carismáticos de cor azul.

Os Smurfs



Saudade de quando eu podia ficar em casa assistindo um desenho após o outro, comendo besteiras, vivendo segundo após segundo o presente, velha infância.

Adriana Calcanhoto - Ciranda Da Bailarina


Viva de algum modo o seu presente mesmo que não seja o bastante, tem tantos momentos que podemos aproveitar. As coisas mais simples são as que mais tocam, apenas sinta.


Dia da Criatividade

17 novembro, 2008

Veja que interessante!

De uns anos para cá tenho uma certa harmonia e simpatia com o dia 17 de novembro. É um dia que me lembra coisas boas, mesmo que nem tudo ocorra como esperado durante o dia ou que seja uma segunda-feira, guardo um sorriso no rosto só por que hoje é dia 17 de novembro.

É uma data bonita, redondinha... Tenho algum sentimento estranho pelo dia 17 de novembro; falar 17 de novembro é excitante!

Não sei, não tentem entender porque tanto amor por uma data. Apenas sei que é mais um motivo para ter lembranças deliciosamente inesquecíveis.

E não é que eu descobri que hoje é o Dia da Criatividade, você não podia ter nascido em melhor data.

Um beijo (especial) aos aniversariantes desta data.

trechos.

07 novembro, 2008

É tão lógico, impressionantemente lógico, tão lógico que não caberia um cm se quer de exceção. Parece-me uma comparação abstrata de um muro e a matéria que dá forma ao muro. Imparcialmente incompreendo o quão viva é a maneira abstrata de viver, a compreensão basta para o sentido lógico, com o qual construímos pontes para invariações. Inconstantemente compreendo o pouco que absorvemos, seja qual for o conteúdo e ou a forma.

____

melhor não procurar entender, é apenas o espelho de uma

mera distração.

novas idéias.

06 novembro, 2008

Quanto tempo que não apareço por aqui. O blog está às moscas e as idéias fervilhando a mente e, o ócio invadindo minhas horas. Vou começar a organizar meus segundos e meus momentos. Tantos rabiscos feitos no caderno e nenhum deles delineado, já é hora de voltar à ativa.
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E porque minha alma é tão ilimitada que já não é eu, e porque ela está tão além de mim - é que sempre sou remota a mim mesma, sou-me inalcançável como me é inalcançavel um astro.
LISPECTOR, Clarice. A Paixão segundo G.H.. 1998, p. 122.

[minha musa inspiradora, Clarice, não podia faltar].

pequenos contos (2)

Seu primeiro final de semana sozinha. Conheceu a solidão melhor do que a si mesma, simpatizou-se com ela.

Escreveu durante todo o tempo, como forma de dialogar com alguém. Pintou alguns abstratos e organizou sua semana. Domingo à noite enviou uma mensagem a sua irmã, ao menos para deixá-los menos preocupados.
- Amanhã cedo eu tenho uma entrevista de emprego em um editora white rabbit, torça por mim. Poderei administrá-la e quem sabe realizar pesquisas literárias na biblioteca ao lado e, enfim, colocar em obra o projeto do meu livro.
White rabbit era seu sapo verde, o qual a acompanha desde os doze anos, Cecília tem paixão por sapos.
- Bendito despertador, sinto-me como se o final de semana tivesse sido um longo processo e cheio de obstáculos.
Cecília realizou suas tarefas matinais como de costume, pensando no que poderia mudar naquela rotina para desprender-se de vez do mundo que deixara para trás.
- Bom dia, com licença, marquei às 09hs com o Sr. Lopes para uma entrevista. Ele está?
- Olá, bom dia, meu nome é André, e o seu?
- Oi André, sou Cecília.
- Olá Cecília, desculpe-nos, o Sr. Lopes não pôde comparecer à editora hoje, mas me ordenou que eu entrevistasse você. Tudo bem?
- Tudo bem, André, sem problemas.
- Vamos, vou lhe mostrar as dependências.
O lugar não era nada convencional para uma editora. Departamentos separados por biombos e, em cada um, uma abertura no formato de um quadrado para que as pessoas pudessem se comunicar. Para uma pequena cidade, a editora até que era bem informatizada. Todo o lugar era em branco e verde, com uma decoração toda clean e quadros expostos em quase todas as paredes, expondo os antigos e atuais clássicos da literatura. Havia duas grandes salas, ambas de reunião. Porém, uma para as reuniões sobre livros estrangeiros e outra para os livros nacionais.
- Muito legal André. Gostei bastante do lugar.
- Que bom que gostou Cecília. Totalmente diferente do que qualquer editora já vista antes. Olhe, essa será sua sala, ao lado da sala do Sr. Lopes e ao lado da minha, também.
- Nossa! Nunca imaginei trabalhar em um lugar tão bonito assim. Tomara que me aceitem.
(Risos).
- Vamos, sente-se na sua cadeira. Faremos a entrevista aqui mesmo.
Cecília expôs todas as atividades já realizadas profissionalmente, desde os seus 18 anos. Apesar de nova, tinha bastante experiência em diversas áreas. Na cidade onde morava, trabalhou na redação de um jornal local, já foi vendedora, administrou uma casa de artes e fez alguns trabalhos em eventos. É formada em administração, cursou teatro durante um ano e está no segundo ano de Letras na universidade federal, o qual está transferindo para uma cidade que fica há duas horas dali.
- Bom Cecília, vejo que você tem muito a contribuir na Vegan, além de muito simpática e mesmo sendo tão nova, vejo que tens postura de uma boa profissional.
- Obrigada pelas palavras André, faço o que posso e busco sempre aprimoramento.
- Percebo. Bom, aguarde um momento e já vai se familiarizando com o ambiente. Vou ligar para o Sr. Lopes, expor alguns detalhes e já retorno com a resposta.
Cecília se sentia muito bem, pela primeira vez transmitiu confiança e maturidade em tudo que falou. A esperança começava a brilhar.
- Mesmo sem te conhecer, ele acreditou nos meus argumentos e já podes começar agora mesmo. Aceita?
- Agora? Neste momento? Juro que eu não esperava uma resposta tão rápida. Claro que aceito.
- Precisávamos de uma administradora com urgência, o Sr. Lopes cuidava desta parte, mas já não tem tanta paciência. E eu, como cuido do financeiro, não tenho tempo para detalhes.
- Entendo, vou fazer o melhor que eu puder. Por onde começo?
- A sala é sua e a Vegan, agora, faz parte do seu cotidiano. Fique à vontade e qualquer coisa, meu ramal é o 23. Tenha um bom dia.
A felicidade estava estampada no rosto e irradiava por toda parte do seu pequeno ser. Cecília olhou para os lados, sem saber muito por onde começar. Decidiu conhecer os departamentos e seus novos colegas de trabalho, levando consigo seu caderninho para anotar todas as suas novas percepções.

Babylon - Zeca Baleiro

12 setembro, 2008

Zeca Baleiro - Babylon


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Baby, i'm so alone, vamos pra babylon.

paixão pelo meu conterrâneo, Zeca Baleiro.

Subverter.

11 setembro, 2008

subverto-me, inverto as horas e o caos.
controlo-me, organizo o tempo e os sonhos.

subverto-me, transponho o medo à lucidez.

percebo-me, uma mera passageira em busca de um lugar à janela.

subverto-me!

desligo-me, morro em mim para viver o sol.

transtorno-me sem entender o girassol, transfiro meu ego e o meu pensamento além de qualquer infinito.

pequenos contos (1).

Não, Cecília não voltaria. Já estava feito o que fez, voltar seria se entregar às opiniões dos outros, não aguentaria isso. Sabia das dificuldades nos primeiros dias, talvez semanas, meses, mas precisava enfrentar a si.

- Sofia, posso ficar essa noite na sua casa? A viagem foi cansativa e não tenho como procurar um hotel a essa hora. Amanhã vou procurar um lugar, já tenho algo em vista. Marquei com a pessoa às 08hs.
- Sim Ceci pode ficar. Você sabe o que está fazendo?
- Talvez não, mas é assim que vai ser. Obrigada pela sua recepção.

Seu pensamento estava transbordando medo, imaginou desesperamente o novo mundo que construirá dalí por diante, sensação de paz e confusão. Adormeceu.

No dia seguinte chegou ao local na hora marcada, esperou pelo tal Bernardo que iria levá-la ao flat. Com uns 15 minutos de atraso, Bernardo logo se desculpou.

- Não vamos perder mais tempo... Para que lado é Bernardo?
- Depois da praça. Desculpe a pergunta, quantos anos você tem?
- 23, por quê?
- Está saindo de casa?
- A história é longa, talvez não queira falar sobre o assunto.
- Ok.
- Aqui está. Este é o flat. Nada luxuoso, bem simples mas acho que você vai gostar.
- Sim, para começar está bom. Te dou uma entrada agora e os próximos pagamentos deposito na sua conta, pode ser? Segunda vou fazer uma entrevista em um novo emprego, vou demorar um pouco para me adaptar à nova vida, à nova cidade e etc.
- Claro, está bem bom assim Ceci... Cecília, né?
- Isso mesmo. Bom, acho que já vou ficar por aqui, algum problema?
- Não, claro que não. O flat é seu.
- Obrigada, Bernardo.
- Obrigado você, Cecília, espero que goste e precisando estou às ordens, guarde o meu cartão.
- Ok, até mais.

O flat era pequeno, mas ideal para o que precisava. Depois de dois dias ligou o celular e havia milhões de ligações de seu pai. Apenas respondeu que estava tudo bem. Trocou de chip, assim não precisava dar mais satisfações.

Arrumou algumas peças no armário, listou o que precisava comprar, trocou de roupa e foi ao Centro da cidade. A cidade era tranquila, um município não muito longe de onde morava, mas um bom lugar que havia conhecido em um desses finais de semana que veio à casa de Sofia.

Fez um roteiro e, logo que viu uma casa de artes pulou algumas fases de seu jogo de sábado. Entrou na lojinha e comprou o necessário para fazer suas pinturas. Um bloco de papel reciclado, algumas canetas para escrever seus diários inéditos. Foi ao supermercado, ao shopping e em uma lojinha que vende coisas para o lar. Há algum tempo, Cecília já guardava dinheiro para a concretização deste momento.

Já era perto do meio-dia, estava cheia de sacolas, parou num restaurante próximo ao flat. Escolheu uma mesa perto da janela.

- Pois não senhora, posso ajudá-la?
- Por favor, o cardápio.
- Cecília?
- Oi Bernardo, há quanto tempo, não!?
Riram.
- Então, é aqui que você trabalha?
- Sim, já faz dois anos.
- Desculpe, nem prestei atenção ao cartão que você me deu.
- Não tem problema. Este singelo restaurante foi herança do meu pai, enquanto eu não posso fazer o que desejo vou me virando com ele.
- Claro.
- E então, o que deseja?
- À moda da casa, por favor.
- Boa pedida. Vou solicitar, fique à vontade.

Abriu uma das sacolas, tirou um bloco e uma caneta vermelha. Esboçou os primeiros versos. Encheu os olhos de lágrimas e pensou na loucura que fez e estava fazendo. Mas, agora, estava intimamente ligada a si e somente a si mesma podia contar, isso satisfez seu ego. Enfim, Cecília começou a construir o mundo sobre seus olhos.

pequenos contos.

06 setembro, 2008

Foi um dia desses, não sabe-se exatamente quando. O dia estava nem quente, nem frio. Um dia desses em que ela resolveu sair por aí, embarcar em um viagem qualquer, que a fizesse livre. Só se sabe que era primavera, já chegando o verão. Simplesmente foi. E não se ouviu mais falar dela.

(semanas antes...)

- Cecília, quando você vai procurar um rumo?
- Quando não for um simples objetivo.
- E qual é o seu principal objetivo agora?
- Ficar calada, sozinha.

Aqueles dias eram gelados, por dentro. A tal da paciência já não fazia sentido. Percorria seu inconsciente atrás de alguma solução, atividade invasiva. Seguia seus dias como todos os dias, chatos. Ouvir música e escrever eram seus refúgios. Mas ainda assim, lá no fundo alguém programava um suicídio interior.

- Cecília, o que aconteceu?
- Nada!
- Você anda estranha...
- Sou estranha.
- Acorda para a vida menina!
- A vida que dormiu pra mim.
- O que você pretende fazer com ela?
- Entendê-la, talvez.
- E além do mais, não fala nada com nada...
- Adeus, vou dormir.

Aquele dia tinha passado muito rápido e todos os seus passos eram inconscientes. Escreveu uma carta, arrumou algumas coisas na mochila, organizou seu quarto, e partiu.

(no dia seguinte...)

- Cecília, você não vai trabalhar hoje?
Silêncio.
- Cecília?
Toc Toc.
Barulho de porta abrindo.
Barulho de alguém abrindo um envelope.
- Paaaaai!
- O que é menina?
- Cecília fugiu.

Um sorriso de satisfação nascia em Cecília, ela conseguiu o que seu mundo nunca lhe permitiu. Viveu, finalmente.

[em breve, novos capítulos de Cecília]

Concurso Literário.

29 agosto, 2008

Companheiros de blogger, estou participando de um Concurso Literário no Estado onde moro, promovido pela Fundação Municipal de Cultura e Turismo de São José.
O Concurso compreende a escolha de um dos três gêneros: soneto, crônica ou conto. Escolhi o último e o nome do conto é Bilhetinho Azul. Não posso publicá-lo antes que o resultado seja divulgado, no entanto publicarei quando for possível, seja o premiado ou não. Torçam por mim! Thanks.

Um final de semana repleto de C O R E S.

bye.

Cair em si - Djavan.

25 agosto, 2008

Djavan - Cair em si


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Trilha sonora do meu momento presente.

O garfo e a faca.

24 agosto, 2008

O garfo que leva à boca
A faca que corta o sabor

O garfo que mistura
A faca que separa

O garfo à esquerda [do coração]
A faca à direita no jantar

A faca com ponta, sem uma ponta de remorso quando corta
O garfo que espeta sentindo dor

O garfo sem a faca
A faca sem o garfo
Fica difícil alimentar-se.

Confusões

17 junho, 2008

O que somos se nem ao menos sabemos quantas vezes seremos, imperfeitos seres humanos que se contradizem.

Incapazes de iluminar um sonho
, insatisfeitos pela essência de uma realidade infinitamente intolerante.

Fusquinha

08 maio, 2008

Fim de tarde, não tinha mais o que fazer. Entrei no botequim da esquina, cabisbaixo e pedi um chopp. Fiquei ali pensando em tudo que fiz durante o dia, naquela vida de sempre e na bendita entrevista que havia feito há três dias e nada da resposta. Vida ingrata, isso que a entrevista foi para ser chefe de obra, nem para isso devo servir. Foi quando levantei a cabeça e avistei uma beldade entrando pela porta do botequim. Que morena é aquela, pensei comigo. Como gostaria de saber seu nome e ao menos ter um fusquinha para levá-la para passear, mas só tenho uma magrela que me acompanha desde os meus quinze, já estou com 30 anos e não casei ainda.
Fiquei ali mais um tempo tomando, agora, um café, já que o que me sobrou não deu para mais um chopp e, penetrando os olhos em cada partitura daquela mulher. Sou um homem sem sorte, nunca tive sucesso com as mulheres. Não que eu não seja “boa pinta”, mas por que sempre fui avesso às obrigações. Hoje sinto falta de uma rapariga para me colocar em ordem, arrumar minhas roupas e me deixar aparentemente bem quisto nas mil e uma entrevistas que faço toda semana. Paciência, todo homem deve ter paciência. Mas aquela morena...
Peguei minha magrela, companheira de todas, fui para casa. Moro de aluguel em uma edícula construída atrás da casa dos meus pais, até nisso tenho azar. Ainda hoje acho que sou bastardo, não sei como pode meus pais cobrarem aluguel de um filho que vive nessas condições. Mas pelo menos me dão o que comer e perguntam sobre mim quando estão de bom humor.
- Filho? Ligaram para você umas duas vezes e era voz de mulher.
- Deixou recado mãe?
- Não, a moça só disse que era urgente. Deixou o telefone pediu que retornasse. Pode usar o telefone aqui em casa, eu deixo.
- Já é tarde, ligo amanhã cedo. Obrigado e boa noite.
- Boa noite filho, durma com os anjos. Eu te amo.
Hesitei por alguns instantes. Eu não podia estar escutando aquilo. Há muito tempo mamãe não diz que me ama, coloquei pra fora meu orgulho e só lancei um sorriso confuso. Tomei um banho, deitei pensando naquelas palavrinhas que adoçaram minha noite, depois de um dia cansativo.
Faz tempo que não acordava tão disposto. Fui lá na casa de mamãe, dei um beijo no pai, benção na mãe e sentei para tomar um café.
- A tal moça ligou de novo. Pediu que ligasse assim que você levantasse.
Achei estranho que ela tenha ligado tão cedo. Mas retornei na mesma hora.
- Alô! Oi bom dia, quem fala é Lúcio Carinho, eu poderia falar com a Senhora Florinda?
- Oi Lúcio, é ela mesma. Estava esperando por sua ligação. E, por favor, senhora não, pode me chamar de Flor.
- Pois não Senhora, digo, Flor, o que seria?
- Sou responsável pelo Departamento de Recursos Humanos da Construtora Amorim, avistei de longe sua entrevista com o Empreiteiro e li seu currículo. Devo admitir que seu currículo é muito bom na área e sinto uma forte presença de liderança no seu modo de falar. Então, por favor, se puderes compareça hoje às 10h30 no escritório da Construtora para que possamos conversar. Está bom para você?
- Claro Senhora Florinda, claro. Marcado, no horário determinado estarei aí. Muito obrigado desde já, muito obrigado mesmo.
- Fico no aguardo. Tchau.
Desliguei o telefone extasiado, sem reação. Há muito tempo eu não me sentia assim. Parece que hoje é meu dia de sorte. Mamãe já havia preparado minha melhor roupa e me emprestou um dinheiro para que eu não precisasse ir de bicicleta. Achei traição fazer aquilo com a magrela, sempre tão companheira nas derrotas, mas fui assim mesmo. Logo, com o um bom emprego podia consertá-la.
Cheguei quinze minutos antes do horário combinado, avisei a secretária que a Senhora Florinda estava a minha espera. Sentei no sofá, peguei o jornal e li as principais notícias, quando ouço uma voz suave me chamando:
- Senhor Lúcio Carinho?
Quando avistei, meu coração não se conteve. É ela, a tal morena do botequim. Voltei ao normal para não deixar escapar alguma bobagem:
- Sim sou eu e você deve ser a Senhora Florinda?
- Me chame de você, ou de Flor. Venha, acompanhe-me até minha sala.
Conversamos umas duas horas sem parar, além de linda, é muito inteligente. Fechamos contrato, em dois dias inicio meu trabalho, agora sou o novo Empreiteiro e quem sabe poderei comprar um fusquinha para levar a Flor para passear.



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Mais um blog http://marketingdascinco.blogspot.com re-criação do antigo Essência Café. ;)


Carpe Diem.

mudanças constantes.

04 maio, 2008






[...] Nossa memória sempre distorce o passado conforme os interesses do presente, e a mais fiel autobiografia mostra mais o que o autor é hoje do que o que foi ontem [...].


- Rufus (personagem) Diário de um fescenino, Rubem Fonseca.

Coisas de uma mente pensante.

24 abril, 2008

É quase sempre assim.
Procuramos um ponto fraco em nós mesmos para então utilizarmos nossos pontos fortes, colocando-os em evidência e deixando a parte fraca para trás. Burrice. Ninguém nos ensinou que cuidando da parte fraca é que obtivemos forças. Pelo menos a meu ver, é assim que funciona. Mas também não costumo fazer isso... Sempre ataco a parte fraca para que fique ainda mais fraca. Enquanto a parte forte nem sai do lugar.

Bobeira.

Se cuidássemos de nós mesmos sem pensar no que tá do lado, o que tá do lado perceberia que alguma coisa em nós mudou e mudou para melhor compreender o que temos guardado em algum lugar obscuro, ausente de ar, pesado, leve de sentimentos. Maluquice isso tudo que digo, talvez a minha mente seja uma maluquice, um breu escondido no escuro de algum lugar que não pega sol e está mais branco que massa de pão de queijo.

Ilusionismo absurdo, obscuro, sentimentalismo chato, brega e cheio de contrações infinitas, incompreendidas, soltas e presas por uma corda que alcança onde quisermos. Lindo, maravilhosamente lindo viver livre e dar liberdade a quem está ao seu lado.

Ensaio para Clarice Lispector.

27 março, 2008

Estou sem motivos. Tudo aparece para contrair vontades. Não sei, não entendo. Se não tenho coragem de ir adiante, avante um sentimento inconstante de amor e ódio. Inobservância do subconsciente destino, que ciente dos acasos me transforma em puro e fino pó. Cristalino como água pura da nascente. Incandescente estrela que brilha informando que tudo pode e vai melhorar.

20 março, 2008

O que eu sinto, eu não ajo.
O que ajo, não penso.
O que penso, não sinto.
Do que sei, sou ignorante.
Do que sinto, não ignoro.
Não me entendo e ajo como se me entendesse.

- Pra sempre Clarice Lispector.

Desejo muitos chocolates e paz exagerada.

Memórias.

02 fevereiro, 2008

Temperamento impulsivo

“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”

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Sou apaixonada por Clarice Lispector. Acima, cito um breve trecho de uma de suas crônicas publicadas no Jornal do Brasil entre 1967 e 1973. Reconheço nela vários adjetivos ao meu respeito. Como ela mesma cita,

“Sou tão misteriosa que não me entendo.”

...

Bom carnaval aos que gostam. Paz aos que preferem o descanso do lar. Consciência aos que se perdem.