Clarice Lispector

10 dezembro, 2008

1920
Clarice Lispector nasce em Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro, tendo recebido o nome de Haia Lispector, terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. Seu nascimento ocorre durante a viagem de emigração da família em direção à América.
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Toda a obra de Clarice Lispector é fruto desse conúbio constante do pré-lógico com o metalógico. O que está por baixo e antes da consciência, com o que está depois e acima dela. Seu estilo foi e continuará a ser a expressão pura de sua pessoa. Sem ter a mínima intenção de fazer surrealismo, de criar uma nova forma ou mesmo escola literária como fez André Breton. Clarice foi surrealista e supra-realista sem querer. No sentido total de uma expressão literária, que liga o que está antes da voz e da palavra expressa, isto é, no fluxo do monólogo interior pré-verbal, com a presença superior do deus invisível, sempre presença na vida como na obra dessa alma trágica de mulher, que representou tão bem em nossa vida intelectual, essa realidade perturbadora do Eterno Feminino goetheano. Fusão absolutamente espontânea, que não pode ser logicamente expressa, por viver em nossa sombra interior, antes mesmo de ser eliminada pelo mistério da graça divina. Essa fusão espontânea de luz e de treva será, porventura, o segredo dessa mulher fatídica e do tipo profético de sua genealogia judaica. No seu último livro, em dedicatória escrita um mês antes de morrer e que recebi, no próprio escritório de seu último editor, José Olympio, essa mulher atormentada terminava suas palavras de afeto, ao seu primeiro editor, com essa sentença literal que tudo explica: “Eu sei que Deus existe.” Sua trágica solidão teve também um Companheiro.
Quisera eu poder dizer em seus olhos o meu apreço por ti
Suas palavras intensamente lindas incorporam minha insensata distração
Copiar você? És única e bela. Tê-la envolvida em minhas palavras é o modo que busco para ser tão verdadeira quanto você. Clarice, Clarice, Clarice, flor de Lis...

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