O strip tease e o amor

29 maio, 2009

Ele tinha certa tara por strip tease e eu sempre tive vontade de fazer. Morria de medo que ele percebesse os detalhes do meu corpo. Mesmo achando que amor de verdade não vê essas imperfeições. No entanto, sempre achei esses meus defeitos sexy. Mas ele nunca falou nada e eu não tive coragem de perguntar. Volta e meia vasculhava pelo google técnicas para fazer strip tease ou homens strip tease, na busca por saber qual era a opinião deles sobre essa prática.

Nosso amorzinho já estava rotineiro. Papai e mamãe e de quatro eram nossos preferidos, mas sempre faltava um pouco de selvageria. Eu não me atrevia, implorava em pensamento para que ele me estuprasse, com amor. Meus pais não falavam abertamente sobre o sexo. O que eu sabia foi pesquisando e ouvindo os comentários das colegas de faculdade. Já percebi que ele estava um pouco de saco cheio. Eu precisava fazer alguma coisa. Tomei coragem, enfim.

Em uma noite de sábado, preparei-me com lingerie nova, maquiagem suave, salto alto, champagne, morangos e leite condensado e
Leela James (Music) tocando no som. Ele ficou surpreso com a decoração: vários colchonetes espalhados pela sala, velas, incensos afrodisíacos... Tudo o que ele merecia, o que nós merecíamos. A maquiagem disfarçou a minha vergonha, entretanto eu me tremia dos pés a cabeça. Ele percebeu e me beijou profundamente, foi o bastante para eu acalmar e me transformar numa puta.

Coloquei meus pés entre as pernas dele para que tirasse meus sapatos. Afastei-me e comecei a dançar no ritmo da música. Posicionei-me acima dele, pois aprendi que o melhor ângulo na hora do strip é o homem nos assistir de baixo. Os especialistas dizem que parecemos mais gostosas. Rebolando tirei peça por peça. De vez em quando descia e rebolava até encostar meu corpo no pênis dele. Ele teve vontade de me jogar no chão e me amar, mas ainda faltava a peça principal. Ele mordia o lábio inferior toda vez que eu fazia cara de "me come". O safado sabe que isso me deixa louca. Depois da última peça de roupa, ele me tomou nos braços, e depois... Foi como se fosse a primeira vez.



Pé do meu samba

28 maio, 2009

Essa semana tô pro samba.
Vontade de me largar na avenida

e sambar debaixo de chuva.


Chopp,

amigos,

amores.

Ahh, às vezes eu sou um carnaval que nunca acaba.

Porém sempre acabo nas quartas-feiras de cinzas...


Pé do meu samba
Composição: Caetano Veloso, na voz de Mart'nália.
Mart'Nália - Pé do Meu Samba


Dez na maneira e no tom,
Você é o cheiro bom
Da madeira do meu violão
Você é a Festa da Penha,
A Feira de São Cristóvão,
É a Pedra do Sal
Você é a Intrépida Trupe,
A Lona de Guadalupe,
Você é o Leme e o Pontal

Nunca me deixa na mão
Você é a canção que consigo
Escrever afinal
Você é o Buraco Quente,
A Casa da Mãe Joana,
Você é Vila Isabel
Você é o Largo Do Estácio,
Curva de Copacabana
Tudo o que o Rio me deu!

Pé do meu samba
Chão do meu terreiro
Mão do meu carinho,
Glória em meu outeiro
Tudo para o coração
De um brasileiro

Insônias.

27 maio, 2009

Eu não possuo uma sequência.

Vivo no limite de mim,

no limite do amor,

do ódio.


Sou insensata, medrosa.

Possuo a estranha mania de não ser.

Armo-me de olhares e expressões carrancudas,

enquanto umedeço meus pensamentos com minha mente infame.


Sou uma só dentro de muitas.

Sem graça,

sem cor,

sem vida.

Mas tão obstinada,

tão destinada a crescer dia após dia,

como se o sol fosse tão próximo e acariciasse a pele fazendo arrepiar.


Contradigo, persisto,

não me entrego,

sou rude e doente,

sou vida flamejante,

a flor que beija a íris dos olhos teus.


Aprofundo-me em metáforas desconexas.

Não me conecto, liberto-me do nexo.

Meme!

23 maio, 2009

A Má do Só de Cuka Freska, indicou a Mera Distração em um Meme. Thanks flor! Pois vamos ao Meme dos cinco!

5 coisas de até R$ 5,00 sem as quais não posso viver
Twix
Bala de goma
Acessórios para o cabelo
Água mineral
Caneta Medium da Faber

5 filmes favoritos

Amelie Poulain
Requiem for a dream
Um amor para recordar
Como se fosse a primeira vez
Closer - Perto Demais

5 nomes de bebês que eu amo

Júlia
Davi
Isabela
Daniel
Lucas
*tirando a primeira opção, os demais são meus sobrinhos ;)

5 músicas que adoro

Nalgum lugar - Zeca Baleiro
Rosa - Pixinguinha
Babylon - Zeca Baleiro
Light - Erykah Badu and Common
Pelos verdes mares - Jorge Ben

5 acontecimentos importantes da minha vida

Vir morar em Floripa, mesmo morrendo de saudades do meu Maranhão e quem deixei lá
Meu primeiro namorado
Faculdade de Administração/Marketing
O nascimento do meu afilhado
Descobrir que escrever é minha verdadeira paixão

5 obsessões

Twix
Armas
Livros
Música
Sexo x)

5 lugares que quero conhecer...
Canadá
Nova Zelândia
Egito
Bahia
Os lençóis maranhenses - MA

5 utilidades domésticas ou acessórios de cozinha sem as quais não posso viver

Prefiro não comentar! :D

5 fotos inspiradoras
No final da postagem... Só uma basta!


O Meme segue para cinco blogueiros

Meros devaneios tolos
Eclesiastes
Doida e Santa
Changed Route
Lais Carvalhêdo






Desculpem a minha ausência, estou tão atucanada com trabalhos e mais trabalhos.
Bom final de sábado e ótimo domingo ;)

Os dez mandamentos do contista

19 maio, 2009

I. Creia em um mestre - Poe, Tchecov - como em Deus mesmo.
II. Creia que a arte de escrever é difícil. Se um dia conseguir domá-la, isso vai ocorrer sem você perceber.
III. Resista ao máximo à imitação, mas se a inclinação for muito forte, tudo bem. O amadurecimento da personalidade é longo.
IV. Tenha fé cega no triunfo e no ardor com que deseja isso. Ame a escrita como a uma amante e dê sua alma a ela.
V. Não comece a escrever sem saber aonde vai. Em um conto, as três primeiras linhas têm a mesma importância das três últimas.
VI. Se quiser expressar com simplicidade uma circunstância, não há em língua humana outras palavras para expressá-la.
VII. Não adjetive sem necessidade, diga somente o necessário.
VIII. Tome os personagens pela mão e leve-os firmemente até o final sem se perder do caminho traçado. Não se distraia, não abuse do leitor.
IX. Não escreva sob o império da emoção, deixe-a morrer; se depois for possível revivê-la tal como da primeira vez, terá chegado à metade do caminho.
X. Não pense nos outros ao escrever, conte sua história ao pequeno ambiente de seus personagens como se você fosse um deles. De outra forma, o conto não terá vida.

Tradução resumida do Decagolo del perfecto cuentista. Horacio Quiroga, Revista Babel, Buenos Aires, 1927. In: CARTAZ: cultura e arte, ano III, n. 9, 203. 

Se eu conseguir o último mandamento, todos os outros serão alcançados sem esforço.
Para os que desejam seguir o gênero, muito sucesso. Beijos distraídos.

O avesso de Cecília

15 maio, 2009

Cecília é doce, meiga. Ou, pelo menos, é o que tenta transmitir.
Mas ninguém percebe a verdadeira essência desta menina, escondida no seu jeito de criança.
Cecília é doida. Devaneia sobre o absurdo, sobre pensamentos devassos. Sente desejos incontroláveis, os quais ardem em seu corpo por imposição do mundo. No entanto, Cecília não tem pudor, gosta do naturalismo e ama a liberdade de expressão. São amores platônicos que a envolvem em uma redoma capaz de desatar seus pés da irrealidade.
Cecília permanece neutra para não ser hipócrita, pois ela não gosta da normalidade, busca incessantemente o absurdo. É maníaca por sexo e é puta na cama. Além de tudo, Cecília ama. Ama intensamente a si mesma, ao medo e ao seu particular.
Permanece tensa por um insuportável período de tempo e todo o ódio lhe corrói até que o cansaço feche seus olhos.
Cecília marcaria todo o seu corpo com palavras, pintando-as com o seu próprio sangue.
Cecília arde e tem fases, os quais ela mesma não compreende. Gritaria ao mundo que os homens foram feitos do pecado e o pecado é o que faz e satisfaz os homens. Cecília é louca e gosta de armas.
Cecília sonha e vive. Cecília acorda e é tomada por pesadelos insanos, olhares furtivos, bons modos, palavras mal ditas. Cecília vive e morre a cada instante.
Mas ninguém vê, Cecília é santa aos olhos da hipocrisia.
Cecília voa.

A vida como ela é

12 maio, 2009



Acho que devemos fazer coisa proibida - senão sufocamos. Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres.

Clarice Lispector.

Conto especial para o Dia das Mães

08 maio, 2009

Eu sempre quis ter uma Mãe. Uma mãe capaz de entender meus anseios, meus desejos. Que compartilhasse comigo os seus sonhos e os seus medos. Uma mãe capaz de deixar livre minha liberdade e não se preocupar de cinco em cinco minutos, ligando no meu celular, e por vezes me constrangendo na frente dos colegas. Uma mãe que não diga "leve um casaco, você vai ficar doente com esse frio". Ou então, "coma salada, espinafre, alface, rúcula, beterraba e chuchu; faz bem para sua saúde minha filha". Uma mãe capaz de entender que nos finais de semana eu gosto de dormir até tarde, por isso não batesse na porta do quarto várias vezes, chamando-me para lavar a louça do café. Uma mãe que me deixasse sair com aquele gatinho do colégio usando uma mini saia. Uma mãe que não se importasse tanto com as notas baixas do colégio, sob o argumento de que ainda sou muito nova e que quando crescer vou precisar de responsabilidade. Uma mãe que não tivesse medo de me explicar tudo sobre o sexo e ainda me estimular à prática. Uma mãe que só tivesse o dever de me colocar no mundo e dizer: "vai e aprenda tudo sozinha".

Mas não, tenho uma mãe que me limita e me diz coisas certas quando estou errada. Uma amiga que pouco compartilha seus medos, mas tenta acalmar meu coração sempre que eu preciso. Uma mãe que me acorda cedo para lavar as louças, e eu entendo que é só para fazer companhia para ela. Que cuida de mim, com todo o seu amor, e me diz para levar o casaco para que eu não fique doente. Uma mãe que me deu todo o tipo de salada quando eu era pequena e foi essencial para o meu desenvolvimento. Hoje não insiste para que eu coma, mas me oferece um banquete para que eu não passe fome e continue me desenvolvendo. Uma mãe que está ao lado, mesmo quando está tão longe preocupada com os seus próprios problemas. Alguém que se preocupa comigo de maneira que eu seja colocada numa redoma, para que nada de mal aconteça. Uma mãe que ligou para mim tantas vezes para saber onde estava, e eu entendi que ela só queria ouvir minha voz e ter certeza que eu estava bem. Uma mãe que ligou, também, várias vezes enquanto estive doente e rezou por mim.
Uma mãe que não deixou eu sair com aquele vizinho gato de mini saia. Na verdade ela não me deixou sair com ele. E eu mal sabia que ela estava certa em me resguardar. Não para um casamento, mas me resguardou para mim mesma.

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E eu só tenho a agradecer a essas MÃES que se limitaram e me ensinaram sobre a vida. Sobre as quedas e as vitórias. Sobre o medo. O amor e os seus desgastes. Se eu tivesse uma mãe que me deixasse viver sozinha, talvez eu não teria me reerguido tantas vezes. Hoje eu sei que as mães que tenho são as que eu sempre quis ter, mesmo sem saber que eu viria para este mundo. E por vezes queria ser a Mãe delas e ser capaz de transformar o mundo para não vê-las sofrer.
Eu tenho a sorte grande de ter duas Mães. A biológica e a de criação. As duas estão no meu coração e o meu amor é incondicional e igual para cada uma delas. Ao mesmo tempo que fui uma filha ausente, fui tão presente em sentimento.
Até pensei em falar de cada uma delas aqui e das diferenças que fazem na minha vida, mas temo comparar, e elas não têm comparação. São únicas, são amigas, são cuidadosas, são guerreiras, são lindas, são tudo o que tenho de mais precioso na minha vida. Às vezes me repreendo por não dizer todos os dias Eu te amo, Mamãe. Mas sei que nem todas as vezes é preciso. E por mais que eu esteja longe, preocupada tão somente com os meus problemas; eu estou o tempo todo pensando em vocês duas - que me colocaram no mundo e me deram as mãos para eu segurar, e para não cair.
Obrigada por me imporem limites e por me ensinarem o certo e o errado, e o caminho do bem.
A mãe que mora tão longe de mim, está tão perto aqui dentro do meu coração e que bom vê-la sempre que posso e compartilhar a minha vida. A mãe que está perto, e que me criou como se eu fosse sua, o sangue dela também corre nas minhas veias e eu aprendi a respeitá-la e amá-la como se eu tivesse saído do seu casulo. E àquelas que adotei como mãe, mães de amigos, os meus mais sinceros votos de felicidade. E Dia das Mães são todos os dias. Ame a sua, ou as suas, adore e louve essa mulher que te colocou no mundo e te ama mais do que qualquer outra pessoa. É só.

Amo vocês, do fundo do meu coração.
Quem nunca cantou essa música - clássica - para as mães em apresentações de colégio?
Como é grande o meu amor por você, Roberto Carlos.

Que livro você é?

05 maio, 2009

Há um teste rolando pelos blogs, muito interessante. Hoje, antes de começar a rotina, tomei meu café preto enquanto visitava meus colegas da blogosfera. Escutei e li Um Pouco de Bossa e lá estava o tal teste. Não me contive, fiz de tão curiosa que sou. O teste, Que livro você é?, resultou em espanto e satisfação da minha parte. Resultou em dois livros.

"A paixão segundo GH", de Clarice Lispector.

Você é daqueles sujeitos profundos. Não que se acham profundos – profundos mesmo. Devido às maquinações constantes da sua cabecinha, ao longo do tempo você acumulou milhões de questionamentos. Hoje, em segundos, você é capaz de reconsiderar toda a sua existência. A visão de um objeto ou uma fala inocente de alguém às vezes desencadeiam viagens dilacerantes aos cantos mais obscuros de sua alma. Em geral, essa tendência introspectiva não faz de você uma pessoa fácil de se conviver. Aliás, você desperta até medo em algumas pessoas. Outras simplesmente não o conseguem entender.
Assim é também "A paixão segundo GH", obra-prima de Clarice Lispector amada-idolatrada por leitores intelectuais e existencialistas, mas, sejamos sinceros, que assusta a maioria. Essa possível repulsa, porém, nunca anulará um milésimo de sua força literária. O mesmo vale para você: agrada a poucos, mas tem uma força única.


"O vampiro de Curitiba", de Dalton Trevisan.

Descolado, objetivo e realista. Cult. Você deve se sentir mais à vontade longe de shoppings, da TV e de qualquer coisa que grite “cultura de massa”. Nada de meias palavras: a elas, você prefere o silêncio. Você não vê o mundo através de lentes cor-de-rosa, muito pelo contrário. Procura ver o mundo como ele é, entendê-lo, senti-lo. Às vezes, bate até aquele sentimento de exclusão, ou de solidão. Mas é o preço que se paga por ser um pouco "marginal". Não se preocupe, pois você atrai a admiração de pessoas como você: modernas no melhor sentido da palavra.
Em "O vampiro de Curitiba" (1965), Nelsinho protagoniza uma variedade de contos, nos quais ele busca satisfazer sua obsessão sexual vagando pelas ruas de Curitiba - paralelamente, esta cidade de contrastes se revela ao leitor. A temática e a forma já denunciam: este não é um livro para qualquer um. Tem que ter cabeça aberta para enfrentar a linguagem nua e crua de Trevisan, que é reverenciado pelo leitor capaz de driblar velhos ranços burgueses.

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Quem conhece a Mera Distração sabe que sou leitora assídua de Clarice, por isso o meu espanto quanto ao resultado. Já li A Paixão Segundo G.H. e me apaixonei, aliás, sempre me apaixono por Clarice, é um sentimento mais forte do que eu. E por vezes deparo-me pensando os pensamentos dela. No entanto, ainda não li Dalton Trevisan, mas já me indicaram várias vezes. Depois desse resultado, O Vampiro de Curitiba vai pra minha estante. Tenham um bom dia, beijos distraídos.