Conto especial para o Dia das Mães

08 maio, 2009

Eu sempre quis ter uma Mãe. Uma mãe capaz de entender meus anseios, meus desejos. Que compartilhasse comigo os seus sonhos e os seus medos. Uma mãe capaz de deixar livre minha liberdade e não se preocupar de cinco em cinco minutos, ligando no meu celular, e por vezes me constrangendo na frente dos colegas. Uma mãe que não diga "leve um casaco, você vai ficar doente com esse frio". Ou então, "coma salada, espinafre, alface, rúcula, beterraba e chuchu; faz bem para sua saúde minha filha". Uma mãe capaz de entender que nos finais de semana eu gosto de dormir até tarde, por isso não batesse na porta do quarto várias vezes, chamando-me para lavar a louça do café. Uma mãe que me deixasse sair com aquele gatinho do colégio usando uma mini saia. Uma mãe que não se importasse tanto com as notas baixas do colégio, sob o argumento de que ainda sou muito nova e que quando crescer vou precisar de responsabilidade. Uma mãe que não tivesse medo de me explicar tudo sobre o sexo e ainda me estimular à prática. Uma mãe que só tivesse o dever de me colocar no mundo e dizer: "vai e aprenda tudo sozinha".

Mas não, tenho uma mãe que me limita e me diz coisas certas quando estou errada. Uma amiga que pouco compartilha seus medos, mas tenta acalmar meu coração sempre que eu preciso. Uma mãe que me acorda cedo para lavar as louças, e eu entendo que é só para fazer companhia para ela. Que cuida de mim, com todo o seu amor, e me diz para levar o casaco para que eu não fique doente. Uma mãe que me deu todo o tipo de salada quando eu era pequena e foi essencial para o meu desenvolvimento. Hoje não insiste para que eu coma, mas me oferece um banquete para que eu não passe fome e continue me desenvolvendo. Uma mãe que está ao lado, mesmo quando está tão longe preocupada com os seus próprios problemas. Alguém que se preocupa comigo de maneira que eu seja colocada numa redoma, para que nada de mal aconteça. Uma mãe que ligou para mim tantas vezes para saber onde estava, e eu entendi que ela só queria ouvir minha voz e ter certeza que eu estava bem. Uma mãe que ligou, também, várias vezes enquanto estive doente e rezou por mim.
Uma mãe que não deixou eu sair com aquele vizinho gato de mini saia. Na verdade ela não me deixou sair com ele. E eu mal sabia que ela estava certa em me resguardar. Não para um casamento, mas me resguardou para mim mesma.

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E eu só tenho a agradecer a essas MÃES que se limitaram e me ensinaram sobre a vida. Sobre as quedas e as vitórias. Sobre o medo. O amor e os seus desgastes. Se eu tivesse uma mãe que me deixasse viver sozinha, talvez eu não teria me reerguido tantas vezes. Hoje eu sei que as mães que tenho são as que eu sempre quis ter, mesmo sem saber que eu viria para este mundo. E por vezes queria ser a Mãe delas e ser capaz de transformar o mundo para não vê-las sofrer.
Eu tenho a sorte grande de ter duas Mães. A biológica e a de criação. As duas estão no meu coração e o meu amor é incondicional e igual para cada uma delas. Ao mesmo tempo que fui uma filha ausente, fui tão presente em sentimento.
Até pensei em falar de cada uma delas aqui e das diferenças que fazem na minha vida, mas temo comparar, e elas não têm comparação. São únicas, são amigas, são cuidadosas, são guerreiras, são lindas, são tudo o que tenho de mais precioso na minha vida. Às vezes me repreendo por não dizer todos os dias Eu te amo, Mamãe. Mas sei que nem todas as vezes é preciso. E por mais que eu esteja longe, preocupada tão somente com os meus problemas; eu estou o tempo todo pensando em vocês duas - que me colocaram no mundo e me deram as mãos para eu segurar, e para não cair.
Obrigada por me imporem limites e por me ensinarem o certo e o errado, e o caminho do bem.
A mãe que mora tão longe de mim, está tão perto aqui dentro do meu coração e que bom vê-la sempre que posso e compartilhar a minha vida. A mãe que está perto, e que me criou como se eu fosse sua, o sangue dela também corre nas minhas veias e eu aprendi a respeitá-la e amá-la como se eu tivesse saído do seu casulo. E àquelas que adotei como mãe, mães de amigos, os meus mais sinceros votos de felicidade. E Dia das Mães são todos os dias. Ame a sua, ou as suas, adore e louve essa mulher que te colocou no mundo e te ama mais do que qualquer outra pessoa. É só.

Amo vocês, do fundo do meu coração.
Quem nunca cantou essa música - clássica - para as mães em apresentações de colégio?
Como é grande o meu amor por você, Roberto Carlos.

7 comentários e idéias:

Janaína disse...

Amiga que declaração mais linda, cheguei a chorar aqui, tudo que você escreveu é verdade a mais pura verdade. E hoje me deparo com este conto, eu que agora sou mãe e vou ter que passar os ensinamentos a diante...uma sensação inexplicavel.

Eu te amo pretinha!
Saudades :*

Líviarbítrio. disse...

Ôô amor.
Obrigada.
É verdade, por vezes a ficha não cai - você é mãe e vai ter o mesmo dever das nossas em educar essa coisinha gostosa, ;) Impor todos os limites que odiamos, mas sabemos é para o nosso próprio bem.

Saudades gigantescas.
Eu te amo, mamãe.

Paloma disse...

ai que lindo! me emocionei e me identifiquei muitas vezes!
parabéns pelo texto!
bjos

Gustavo Scussel disse...

Surpreenda-me no próximo post tanto quanto esse!

E pode me surpreender variando de uma coisa suave para uma que seja quase um tiro. =D Isso mesmo, pode ser dessa sua paixão, se você me entende.

Ah! Voltei. ;)

Blog Dri Viaro disse...

que linda homenagem
bjs

Aglio disse...

Ah... mães...

Tão bom tê-las, sentir que ela (elas) é (são) você!

Adorei a homenagem, elas estão de parabéns pela filha!

=**

Marcia disse...

Olá Livia, linda mensagem... meus olhos marejaram, não só pq já sou mãe, mas por me ver falando da minha :-)
Obrigada pelo comentário lá no 7x7 (o original). Visite-nos sempre!

Bjks


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