Palavras incertas.

30 setembro, 2009

É irracional essa sensação de incompetência
Querer tocar cada espaço teu com tamanha ardência
Já não consigo, pois tu bloqueaste o efêmero sentimento
A união sem brilho desfez a mágica daquele momento

Procuro palavras com as mesmas terminações
Sem saber que a rima está no fim das nossas contradições
Não queira entender por que te amo tanto
Esqueça o que eu disse e me deixe curar meu pranto

Tu dizes que o meu mal é a intensidade
Que bobagem é essa que pronuncias, se nem entendias nossa cumplicidade
O que conheces de mim é matéria, é só um corpo e um sexo
Não quero compreender tuas palavras sem nexo

Apesar dos sonhos desfeitos
Teu nome está tatuado em mim, junto com os meus defeitos
Curo a ansiedade de te ver feliz em outro mundo
Silencio na saudade, pois encontrei meu próprio rumo

Independente desse futuro incerto
Observe ao redor que eu sempre estarei por perto.

Sonhos.

28 setembro, 2009

Confusos
Abstratos

E tão real.


O sonho que completa o dia

A noite que completa o sonho

O sonho que desfaz os sonhos

A realidade que idealiza os sonho
s

A identificação dos corpos

A sonorização dos ambientes

Tão irreal, tão palpável.


O pesadelo que se transforma em sonho.

O sonho que não passa de um pesadelo.

Nossas almas vivem à noite? Fazem coisas que não faríamos enquanto acordados.


Coisa louca.

O ser humano é tão frágil.

Uma matéria sujeita a qualquer situação que a vida nos entrega.

Ora vivos, ora na sombra da morte.


Que o sonho sobreviva na morte.

Pois os sonhos são um complemento da vida.

É no sonho que somos reais.

É na vida que somos sonhos.


E vamos vivendo essa eterna contradição/confusão que é (sobre) viver.

Porque os normais vivem e os que primam pela vida sobrevivem.

Filosofias do dia a dia.

18 setembro, 2009

Todas as escolhas de alguma forma são dúvidas. Se temos que escolher é porque temos opções e, consequentemente, dúvidas. Sempre duvidamos de uma decisão sem volta, e pensamos: "será esta a melhor decisão?". O ser humano nasce insatisfeito e morre, parcialmente, satisfeito.

Confusões

12 setembro, 2009

Era um sonho. Um pesadelo lindo. Uma imensidão de imagens absortas em volta de si mesma. Não soube distinguir o que foi verdade do que pareceu irreal. Dançava, era o que ela lembrava nitidamente. A areia tocava-lhe os pés e o barulho das ondas a envolvia naquela maresia inebriante. O horizonte e a extensão da praia era tão distante que mal pode ver-se no reflexo do seu mundo.
Foi tomada por dentro em um intenso êxtase, a pele arrepiava em movimentos circulares como a um tornado furioso, mas que não leva nada além do orgasmo que sentia enquanto o sol acariciava seu corpo, seu corpo inerte e sem pulsação. O pulso que ainda pulsava vinha de dentro, sentia que seu coração estava prestes a explodir. Como a uma pétala, sentiu um toque em seus lábios. Seus lábios que queimavam ódio. Seu corpo que exalava vingança. Seu coração que suplicava por falta de batimentos.
Não queria viver, pensou. E aquelas sensações sombrias e inimaginárias tornavam tudo tão mais confuso. A criança que antes habitava ali havia morrido, consequências obtidas pela mulher que se tornava, aos poucos. A mulher que assassinou a inocência implora para renascer naquele hospício que era o mundo. Gritava, gritou o mais alto que pode, mas ninguém a escutava, pois o som que saía de dentro era encoberto por situações inacabadas.
Não teve tempo. Não teve tempo para refletir em si e em tudo que fez ao longo de tantos anos. Anos que desejava deixar para trás, querendo renovar a música que surgia lentamente. Compôs algumas melodias, em silêncio, tendo como instrumental o som que o mar fazia. O mar era como remédio entorpecente, que pouco sente e compreende, mas que inunda e afoga todas as angústias. Ela era envolvida tão devagar, sentia levitar o corpo agora tenso, não mais inerte, mas forte e cheio de uma coragem sem definição. Trocava as palavras, confundia-se em adjetivos e substantivos irregulares. Seus verbos sem ação. Mais uma vez a inércia.
Quando voltou a si, inconsciente, sentiu somente a maresia invadir seu quarto, fazendo-a correr e mergulhar no seu mais profundo mar.
Viveu, enfim.

C o m . p l e . t o

11 setembro, 2009

Com-ple-ta-men-te

É o tudo que não falta nada.
É o dispensável e o necessário.
Gosto desse adjetivo.

Completo
Completamente
Complemento
Comple (a)Tando
Comple (a)Tado

É tão abrangente.

"Completa o tanque, amigo."
"Bradescompleto"
"Como é bom ter alguém por perto
Pra você se sentir completo"
"Um dog duplo completo."

E tantas outras circunstâncias que completam outras situações.
E tantos que se sentem completos...

Tudo que é extenso me atrai.
O que é efêmero descarto
inCompleto-me, por isso conecto o desconexo
do que anexo ao meu nexo/sexo.

Gosto de me sentir completa, sem estar completamente composta ou simplesmente, poeticamente, completa.

Ritmo & Poesia

08 setembro, 2009



Da poesia doce

Ao ritmo da respiração

De longe uma suave música embala

O coração antes doce


O som inerte nos ouvidos

Arrepia a pele inconstante

Dos versos puros

Ao desejo insano


Dos medos e pensamentos absortos

Em um pensamento incomum e estranho


O coração aperta como um nó de marinheiro

E a maresia, aos poucos, transforma a tormenta na tão esperada paz


Mas ali fica, tatuado aquele sentimento do passado

Sentimento bom aquele


Como uma flor que se abre em pétalas tão macias

E daquela raiz brotará as mais lindas rosas


E as rosas, o sol, o vento, a chuva
Transbordarão enquanto a música pulsa
Enquanto o riso alegra

E o choro cessa


Ainda assim os nervos se contraem

Para expulsar a nostalgia e dar espaço para a saudade.