Penhasco

04 dezembro, 2012




O que dizer da poesia
Tão intensa, tão linda, tão minha e sua
O que dizer das palavras
Tão tristes, alegres e mudas

O que dizer do querer
Que invade sorrateiramente o peito agoniado
Cansado, à espera de um sonho
Um sonho que não é dele, nem dela, nem de ninguém

O vazio que comprova os medos, os anseios diários
Que penetra fundo na epiderme e descama aos poucos
Descama uma vontade indomável de se abrir em pétalas
Ah! Estranha contradição é a vida...

E a música é uma estrada infinita que se caminha sem medo
Pois a melodia é a proteção das almas e dos corpos
Que queimam quando os obstáculos não são finitos
E a cada obstáculo ultrapassado é uma nota musical que cura

Cura a insanidade de se querer ser
De querer ter um campo repleto de fauna e flora
Que se possa caminhar, dançar, cantar, sorrir
Sonhos tão distantes, calejados por uma canção de desespero

Uma preguiça de se abrir, sair do casulo, explodir a bolha!
Receio do que há lá fora, dos insensatos, dos sentimentos
Da poesia, das palavras, do querer, do sonho
Do vazio e da música.

Equilibrar-se na ponta de um penhasco e não temer o voo.