Desconstrução!

29 dezembro, 2009




Não tenho nem palavras para dizer o que é fazer 25 anos. Há quem diga que é só mais um ano, há quem diga que é só mais uma data... Para mim, não. Existe algo de mágico em mim, neste dia, nestes 25 anos de vida.


Vontade de desconstruir minha vida desde o momento em que saí da minha Mãe para este mundo, doido mundo esse. Mas seriam muitas páginas, muitas palavras. Prefiro resumir até por que tenho um dia inteiro para aproveitar, e tantos outros que virão.


Não construí uma casa, um empreendimento qualquer. Gosto de dizer que construo uma vida dia após dia. E que bom seria desconstrui-la todos os dias e recomeçar. Querendo ou não, há quem faça isso: acordar como se fosse o primeiro dia. E o mais legal disso é que construí RELACIONAMENTOS e SENTIMENTOS.

Cada pessoa que vive na minha vida é característica, deixou alguma coisa de precioso. E que bom que cada uma delas fez parte do meu desenvolvimento. Ainda construo a Lívia profissional que aprende, que ensina. Não quero ser 100% em tudo que faço, quero apenas ser eficaz no que faço e pensar no que digo antes de dizer. As experiências que adquiri fazem uma diferença enorme em cada pedaço de Lívia. Sou pequena, mas me sinto grande, cheia de vida. Uma vida que mal começou e não tem previsão para terminar.

Pensei em fazer uma desconstrução desses 25 anos, mas achei melhor não. Melhor deixar isso tudo em mim, aqui dentro... Coisas que me preenchem, que me fazem chorar, sorrir, lembrar. Como gosto de lembrar, devanear, curtir momento só meus. Chorar, estou chorando desde a hora que acordei... Como eu queria ter todas as pessoas que eu AMO do meu lado agora. Mas sei que estão do lado de dentro, em cada coração, em cada mente.

"Melhor deixe", melhor acabar por aqui. São palavras que me custou dizer, são sentimentos que demorou para explodir depois de um semestre inteiro de muita construção e muito medo. Hoje não mais, mas ainda não por inteiro.

Deixa estar, como diz a minha irmã polaka Bárbara Bilek.

Parabéns, Lívia. O ego que agora infla na proporção adequada flutua por sentimentos nunca explorados. Meus sonhos são meus pés e minhas mãos...

Impossível esquecer dos responsáveis por essa construção, pelos "cimentos", pelos "tijolos": meus pais. Mãe, Pai - aqui entra os que me geraram e os que ajudaram a me criar - Meu muito Obrigada por me trazerem a este mundo, por me mostrarem o que é o amor.

Até breve!




Os processos do aprendizado.

22 dezembro, 2009



Você já se deu conta de quantas vezes por dia não pensa em nada? Eu já. É uma experiência tão boa saber que, vez em quando, é possível esquecer-se ou simplesmente não pensar em quase nada. Eu por vezes esqueço o que penso, se penso. Acho graça nessa constante contradição. E nem todas às vezes fixo em algum ponto... Quando me dou conta e volto à realidade tento lembrar os segundos anteriores, e não lembro. Ou estou com sérios problemas de memória, ou por alguns minutos alcanço a iluminação.


Um dia eu aprendo, compreendo, surpreendo-me. E não me censuro por falar demais.
Mas hoje eu pensei, pensei o tempo todo. E percebi algumas coisas das quais gosto de perceber, por isso fico tão ‘antenada’ a ponto de não me entender (Clarice Lispector me pega de surpresa vez em quando – sempre).

Gosto de misturar as coisas. Gosto de pensar sistematicamente. Gosto de achar que tudo é relativo. Gosto de formar frases de assuntos aparentemente distintos. Gosto de pensar em um ciclo – sem fim.

Vamos ao pensamento do dia, caso contrário ficarei adivinhado meus porquês.

Hoje fui andar de roller. Melhor: fui aprender. E enquanto eu andava refleti no processo de aprendizado. Primeiro, veio-me a vergonha e o medo de que me vissem caindo, o tempo que fiquei com essa sensação bastou para instalar uma insegurança enorme em mim, obviamente que não consegui a firmeza necessária.

Neste momento, percebi que precisava buscar o equilíbrio. Foi quando puxei o foco para o que eu estava fazendo, sem deixar que os outros me atrapalhassem. Sorri ao conseguir dar passadas mais largas, mais seguras, firmes e equilibradas... Quando consegui velocidade e fui um pouco mais além. Entretanto, não fui com muita “sede ao pote”, senão eu ia cair.

Não caí nenhuma vez em todos os processos: quando tive medo, quando tive foco, quando obtive algum resultado. E pensei: “se eu fizer assim todas às vezes, um dia o equilíbrio vai ser automático e eu talvez me arrisque numas manobras radicais”. Voltei à realidade pouco tempo depois. Sorri novamente.

Trouxe esses pensamentos para os aprendizados do dia a dia, sejam práticos ou teóricos. O medo de não ser vista com bons olhos por não saber disso ou daquilo. A busca pelo conhecimento requer equilíbrio e disciplina para que os resultados sejam próximos aos 100%. Nunca saberemos tudo, aprendemos aos poucos, um tanto a cada dia, não é bom quando tentamos empurrar um tornado de conhecimento para dentro do cérebro. Temos limites, e mesmo assim deixo que a vontade de aprender seja ilimitada.

Cada um de nós tem processos de aprendizado diferentes, cabe a cada um entender como funciona, assim é possível desvendar alguns segredos e não perder o foco. Gosto de me importar com as coisas simples, com as brincadeiras, com as coisas que parecem não ter sentido algum, sempre aprendo. E melhor do que aprender com os outros, é aprender comigo mesma.

Agora chega, já falei demais e se eu deixar sigo filosofando...

Boa noite para você.

Onde estou?!

06 dezembro, 2009




Cá estou.
Saudades imensas do meu blog, dos meus textos, crônicas, histórias, poesias. Mas, cá estou alimentando meu lado literário com a busca constante por conhecimento, por histórias, por crônicas, poesias, livros e relações.


Enquando a
implosão explode, desenvolvo-me para escrever melhor, penso sistematicamente para organizar minhas ideias e não escrever por escrever. Quando escrevemos para cumprir o papel de blogueiro, de "antenado", de "conhecedor" escrevemos bobagens, sem amor, tesão, paixão, ou seja qual for o motivo. Por isso busco capacitar-me ao velho e ao novo, valorizando o que sou hoje para escrever o melhor de mim!

Beijin...


Há alguma coisa...

02 dezembro, 2009

... que

implode

dentro
de mim!


A impontualidade do amor

15 novembro, 2009

Mário Quintana

Você está sozinho? Você e a torcida do Flamengo!
Em frente à TV, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar.
Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha.
Trimmm! Trimmm! É a sua mãe... (quem mais poderia ser?)
Amor nenhum faz chamadas por telepatia.
Amor não atende com hora marcada.
Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase "galinha", sem disposição para relacionamentos sérios.
Ele passa batido e você nem aí.
Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras.
O amor dá meia-volta, volver.
Por que o amor nunca chega na hora certa?
Agora, por exemplo, que você está de banho tomado e camisa jeans?
Agora que você está se achando bonito?
Agora que você está empregado?
Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de Jazz?
Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio?
O Amor aparece de onde menos se espera e de onde menos se imagina.
Você passa um ano inteiro hipnotizado por alguém que nem te enxerga, e não repara em outro alguém que só tem olhos pra você.
Ou então, fica arrasado porque não foi à praia no final de semana, os seus amigos estão lá, azarando-se uns aos outros. Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio numa locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido à sua vida.
O Amor é como uma tesourinha de unha: nunca está onde agente pensa.
O jeito é direcionar o radar para o norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente numa fila de banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro.
Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole.
O Amor está em todos os lugares, talvez você não o procure direito.
A primeira lição está dada: o Amor é onipresente.
Agora a segunda: o Amor é imprevisível.
Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa.
O Amor odeia clichês. Você vai ouvir "eu te amo" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, ou quando menos esperar.
E as flores vão chegar num dia qualquer apenas para informar-te como você é especial para alguém.
Assim... sem motivo nenhum ou data especial.

Espalhe que o Amor não é banal! E que, embora estejam distorcendo o seu sentido verdadeiro nos dias modernos de hoje, ele EXISTE e é o ingrediente mais importante da vida, a própria porção mágica da Felicidade.

"Amar é mudar a alma da casa."

Fonte: e-mail.

Cada um tem seu jeito...

14 novembro, 2009



Cada um tem um modo peculiar de produzir, seja lá o que for.
Eu passo por processos enquanto produzo textos, artigos, TCCs e monografias. Nunca consigo sentar e começar a escrever. Cada momento, cada parágrafo é um tempo para refletir, pensar e organizar as ideias, mesmo que a tarefa seja fazer qualquer coisa diferente daquilo que se está produzindo.

Antes de iniciar leio alguns parágrafos sobre o tema. Inicio um parágrafo com no máximo três palavras. Paro. Reflito nas próximas palavras. Escrevo até fechar uma frase curta. Mudo a música, lixo as unhas, leio outros assuntos. Volto para o texto. Escrevo mais uns quatro parágrafos longos. Paro. Vou ao banheiro. Vou à cozinha. Volto. Escuto e canto algumas músicas, bem alto. Leio mais algumas coisas sobre o assunto, folheio os livros, relaciono frases da página 10 com frases da página 20, formo conceitos e sua devida referência. Paro. Sempre paro quando me sinto tensa. Ouço a mesma música pelo menos umas cinco vezes até trocar, e canto alto. Penso: "o povo dessa casa deve achar que sou louca". Dou de ombros para essa observação.

Esses dias comecei a prestar atenção nessas manias e concluí que ajudam na minha produtividade. Toda vez que paro e faço tarefas paralelas, crio imagens na minha mente sobre o tema em questão e, conforme eu vá formulando frases, reflito em cada palavra, cada concordância, e se duvidar puxo outro assunto complementar. Digito. Abro o Bloco de Notas. Despejo algumas palavras. Comparo. Anexo. Correlaciono. Enquanto continuo a escrever o texto/capítulo. Paro. Leio tudo que escrevi até o momento, se for preciso já faço os ajustes. E quando vejo já se foram pelo menos três páginas.
Jogo no computador. Esses dias descobri que tem Jogo de Xadrez, vez em quando eu paro de escrever e arrisco. Um dia eu aprendo.

Isso quando não estou online. Daí a internet é um motivo para eu parar o tempo todo. Vejo e-mails antigos, falo com amigos no msn. Abro o orkut, o twitter, vejo vídeos. Mas não paro de escrever os textos. E até a internet me ajuda a produzir.


Quando percebi essas manias, achei que eu fosse meio perturbada. Achei não, certeza que sou meio perturbada. Mas gosto desse jeito estranho. Consigo fazer zilhões de coisas ao mesmo tempo e ainda atingir o resultado pretendido.
Posso até demorar, mas o processo de refletir em cada palavra garante um trabalho coeso e sem erros.

;)

Cecília.

13 novembro, 2009

Ela espera que os sonhos não sejam nuvens.
E que o sol não esfrie.

Ela não teme.
O medo aflora sem querer.
Conta as estrelas do seu pensamento e se perde quando vê a lua.

Seu sorriso encabulado ilumina a alma quando toca a natureza.
A natureza que há dentro de si confunde os seus objetivos. Ah!, como queria simplesmente não ser, não ter... não existir, talvez.

O incansável fruir dos seus desejos, insanos ou não, tendem a deixá-la desconexa de si mesma.

Por vezes perde a graça, como uma flor sem perfume. A paciência é quase nula.
E fecha os olhos para não sentir.

Logo, o coração pula em ritmos aleatórios, fazendo com que seu corpo pulse de forma que a deixe agoniada e queira voar.

Às vezes fala, fala até demais; em uma atividade pensada para fazê-la desprender-se das suas angústias. E quando cala, é quando está bem consigo...

É uma menina qualquer, de pensamentos insanos, às vezes vazios, por vezes tão cheios de vida. Mais cheios de vidas do que vazios, mas prefere a solidão como companheira; aquela que não questiona, aquela que deixa a dor ou a alegria gritar por dentro.

Ela que é uma mistura... Ela que é cheia de Livre Arbítrio, mas que ainda não criou asas.

... Um pouco de poesia.

03 novembro, 2009




Persiste

Toda a pele em flor, planta que insiste

Na inconstância de crescer

As belas pétalas que sorriem ao te ver


Canção de ninar que implora a lágrima presa

Libera a tristeza solta que voa coesa
Solidão que se faz presente


Canta a melodia e aplaude contente

A substância que altera o humor

Surpreendente, mente ao seu próprio amor


É hora de voar

Abrir os braços ao mundo que nada pede

Visualizar o pensamento solto no ar

E caminhar em direção ao objetivo, pois nada impede


De sentir a cura enfeitar a inconsciência

Manter os pés no chão e largar mão da ciência

Abrigar o subjetivo e sorrir alegre com o excesso de paciência

Já não se considera os erros, vive-se melhor com a impermanência


Não seguir alguma estrutura

Consistir na presença de uma figura

Figura acesa que oscila entre o que se é e o que se quer
Para quê as rimas perfeitas se as vidas não são feitas da doçura de uma mulher
.

Devaneios.

31 outubro, 2009

Sonho

com um sonho de um dia

realizar o sonho de

sonhar com os olhos abertos e

dormir sem sonhar.

Consequências de uma mente insana.

29 outubro, 2009

Atravessa o mar aberto

... empoeirando o cheiro de maresia.


Combina e bagunça a vontade de escalar as ondas

... e mergulhar no horizonte.


Vive, transcende, acende e convive com seu próprio ser.


Suporta e grita de horror quando entende que seu habitat,

o qual chamam de mundo,

é apenas um amontoado de gente,

gentes insuportavelmente imperfeitas.


Acha que loucura é remédio e psicólogo só existe para tentar mudar o rumo das coisas,

a percepção sobre as coisas.


Nem sempre sabe do que fala, mas escreve o que supostamente entende quando o subconsciente

ilimita sua visão.


Ilimitar a visão é abrir-se para outros mundos.

Mundos desconhecidos, conexos e sem nexos.

Sobrepõe-se sobre si mesma, querendo personalidades distintas que tratam com indivíduos diferentes

e com princípios oblíquos.


É uma.

Às vezes duas ou três.

É um pouco de vida, talvez de poesia.


Na verdade, nada é.

Transformação em andamento, produto inacabado que não vai pra prateleira, muito menos tem valor.

É ela, tal como sobrevive, dia após dia em buscam do seu lugarzinho ao sol.

E só precisa ter papel, caneta e música.

Transformações e devaneios.

23 outubro, 2009





As transformações são cotidianas. Dia após dia visualizamos de maneira diferente a forma de ver o mundo. E quando falo em mundo, refiro-me ao eu que temos conscientes e inconscientes, e sobre as mudanças desse eu que direta ou indiretamente refletem na nossa realidade.


Todo dia paro para pensar no que possuímos dentro. As incógnitas que nos fazem perambular pelos mais vastos pensamentos. Você não? Desculpe, às vezes quero ter certeza que não sou a única louca que (sobre) vive neste mundo que chamamos de nosso, mas que tomamos sem pedir permissão e saímos por aí tentando mudar.


Como é difícil mudar e como é satisfatório quando o conseguimos. As mudanças de que falo vão muito além do que transformar a rotina. Está nos detalhes. Os detalhes enriquecem. Observação é a palavra-chave da transformação. Quando paramos para escutar atentamente uma canção, sentir a palavra e a melodia, vivenciamos um momento único, entre nós e nós mesmos. Assim como trabalhamos para concretizar um sonho, correr atrás daquele objetivo que só você entende... É vivenciar o momento, as emoções, a sorte.


Isso mais parece um artigo de autoajuda. Talvez por que eu esteja o tempo todo tentando me curar. Mas me curar de quê? Pergunto-me. De mim mesma, talvez. Ok, ok paranóia Clarice Lispector se acendeu novamente, ou só aquela ansiosa Cecília que briga dentro de mim.


Parei.


O eu que transformo é a Lívia de hoje, de amanhã, de depois de amanhã. Eu me transformo, enfeito-me de verdades e mentiras sobre mim e passo a entender cada dia mais o que me rodeia. E até fecho os olhos para não compreender, mas de que adianta fechar os olhos se os pensamentos têm asas e me levam?


Você acha graça em si mesmo? Eu me olho no espelho e vejo uma criança que brinca, no entanto uma criança que cresce e possui dentro de si um medo que não se quantifica, qualifica-se. Mas é melhor deixar para lá. Perdi o fio da meada desse texto e gosto de me perder.

O que há em mim?

19 outubro, 2009

O que me invade?
Persiste uma leve lembrança do que sou.

O que me tenta?
Sugere o meu subconsciente tão cansado de tentar.

O que me agrada?
Olhar-me no espelho ao acordar, com os cabelos emaranhados pelas reviravoltas que dei em sonhos.

O que me deixa viva?
O coração, órgão que pulsa involutariamente dia após dia.

O que não me deixa desistir?
Objetivos e desejos sem sentidos, para os outros.

Porque faço tantas perguntas desconexas?
É a vontade de me conhecer sem pressa de entender.

O que me faz falar?
A luta que há em mim.

O que me faz calar?
O silêncio é o meu clamor.

O que me excita?
A combinação conexa de instrumentos musicais. Aquela melodia que me invade lentamente.

O que me invade?
Além de uma melodia? As palavras sinceras e os desejos reclusos.

O que há em mim?
Uma crescente inconstância.

O que me deixa com ódio?
A ingratidão.

O que me faz chorar?
O cantar de um passarinho.

Se estou chorando agora?
Não posso perder meus costumes.

Chega de perguntas?
Acho que sim.

Mas, o que há em mim?
Um amontoado de matéria bruta revestida por uma vontade de viver que não tem sentido.

Trechos, por Clarice Lispector

05 outubro, 2009

Cadê eu?

... perguntava-me.

E quem respondia era uma estranha que me dizia fria e
categoricamente: tu és tu mesma.

Aos poucos, à medida que deixei de me procurar fiquei distraída e sem intenção alguma.

Eu sou hábil em formar teoria.
Eu, que empiricamente vivo.

Eu dialogo comigo
mesma:
exponho e me pergunto sobre o que foi
exposto,
eu exponho e contesto, faço perguntas a uma audiência invisível
e esta me anima com as respostas a prosseguir.

Quando me olho de fora para dentro eu sou uma casca de árvore a não a árvore. Eu não
sentia prazer.

Depois que eu recuperei
meu contato comigo
é que me fecundei e o resultado
foi o nascimento alvoroçado
de um prazer todo diferente

do que chamam
prazer.

Clarice Lispector, trechos da obra
Um sopro de vida: pulsações.

Sonhe acordado.

03 outubro, 2009

Na edição de junho (2009) da revista Saúde (Editora Abril) saiu uma matéria sobre os devaneios e as consequências positivas que podem causar. Eu, como devaneadora de carteirinha, li e logo pensei em postar as partes mais relevantes da publicação.

Por Kátia Stringueto

Estudos comprovam que investir em momentos de devaneio é fundamental para a criatividade e ainda se torna uma habilidosa ferramenta contra o estresse.
Stringueto afirma que a vida depende da criatividade, seja para encontrar uma maneira mais flexível de trabalho, para escrever um texto, para desenvolver produtos, entre outros. Cita que a virologista americana Beatrice Hanh, que se dedica ao estudo da aids, disse que pensar fora da caixa é sempre uma boa pedida. Beatrice, que é da Universidade do Alabama, se referia à descoberta de uma nova técnica de combate à doença. Em vez de usarem o sistema de defesa do organismo, muito comprometido pelo vírus HIV, os pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia apelaram para as células musculares a fim de estimulá-las a produzir anticorpos. Deu certo. Embora ainda não seja a cura do mal, a descoberta foi vista como promissora. E, sem uma bela parcela de imaginação, nada teria acontecido. Esse desfocar, como definiu Beatrice, percorre novas áreas do cérebro, assopra a poeira dos pensamentos guardados no inconsciente e, eureca!, joga luz sobre respostas.
Desde então outros estudos são feitos para confirmar a tese. Kalina Christoff, professora da Universidade British Columbia (Canadá), através de imagens de ressonância magnética provou que o cérebro está muito mais ativo durante o devaneio do que se possa imaginar. A pesquisa, que foi publicada em uma revista específica, concluiu que esse "estado" pode ser comparado a um momento de raciocínio lógico. Ou seja, todo tipo de divagação compreende a área da memória, as redes neurais ligadas às lembranças se mostraram mais ativadas do que aquelas relacionadas a tarefas rotineiras.
O devaneio se inicia no sistema límbico, o qual envia imagens e sensações para o córtex através de aproximadamente 400 mil conexões. No sentido contrário, há apenas 20 mil vias de acesso. Isso prova o esforço gigantesco que o cérebro faz para impor a razão sobre a emoção.
Devaneio é
Um capricho da imaginação, é fantasiar, criar uma história, ouvir uma música e se transportar no tempo, fugir do trivial.

Devaneio não é
Ficar martelando uma ideia, ter pensamentos que fazem sofrer, dar uma volta no quarteirão preocupado com os problemas que tem pra resolver.

Stringuetto continua a matéria apresentando que o mérito do devaneio vai muito além. Ao tornar o pensamento flexível, produz-se novas conexões entre as células nervosas - essa atividade é chamada de sinapse silente, pelos cientistas. É comparada a uma ginástica que possibilita a criação e ensaios para tomadas de decisão. Freud, sobre esse "treino mental", comenta: Você pode engatar em ações sem nenhuma consequência. Pode imaginar-se ridicularizando seu professor ou dando uma surra no seu chefe, sem pretender, de fato, fazer isso. Sobre isto, Stringueto diz que para a alma é um benefício imenso, descartando a brincadeira.
A matéria tem ricas informações que complementam o tema, mas não seria legal transpor todo o conteúdo para cá, até por que é extensa. Mas termino com um parágrafo que, pra mim, diz muita coisa:
"Sonhar acordado é nada menos do que essencial para a sobrevivência", defende o psicólogo especializado em neuroendocrinologia Esdras Vasconcellos, da USP. "Sem esse momento de dispersão, o cotidiano fica frio, concreto e racional demais. E a mente não dá conta. A consequência pode ser a erupção de um transtorno como o pânico", alerta.
A neurociência sempre me chamou muito a atenção, principalmente pelos inúmeros mistérios que guardamos entre as nossas conexões, bem como o nosso coração que, pode nos pregar uma peça e, simplesmente, para de pulsar. Nós, leigos, não teremos profundos conhecimentos sobre o funcionamento do organismo, por mais que coletemos informações através de pesquisas, de fato pouco entenderemos essa loucura que é a existência. Frente a isso, podemos devanear e imaginar tantas coisas, sem ter medo ou vergonha de exagerar nas milhões de possibilidades que encontramos no subconsciente. Devaneios nunca serão meros devaneios tolos. E por isso eu adoro.

A quitanda.

02 outubro, 2009

Rodolfo não perde a chance de implicar com Rebeca, todas as tardes passa na quitanda para importuná-la. A quitanda fica ao lado de sua casa e Rodolfo compra balas antes de ir para a faculdade. As balas são um motivo para ver Rebeca, mas como é orgulhoso, Rodolfo perde as horas enquanto atrapalha Rebeca no serviço.
Rodolfo só estuda e faz uns bicos vez em quando. Rebeca é uma continuação da quitanda, uma espécie de "faz tudo" em relação aos controles e atendimento de cliente. O local é bonitinho, todo em madeira, música ambiente, flores por todos os lados e guloseimas de todo o tipo. Rebeca, com toda a sua paciência, mantêm o sorriso enquanto escuta os flertes indiretos e brincadeiras de Rodolfo.
- Você não está atrasado para a sua aula, Rodolfo?
- Sim, estou.
- Então, por que você ainda está aqui?
- Está me mandando embora?
- Não. Se quiser ficar plantado aí o tempo todo fique à vontade. Só não sei por que você fica perdendo aulas pra ficar aí à toa enchendo meu tempo de baboseiras.
- Nossa, quanto mal humor.
- Você me irrita profundamente, Rodolfo! - Ela fala sussurrando para que ninguém ouça.
- Tudo bem, então. Vou embora. Até amanhã.
Ela revira os olhos, agora impaciente, pois sabe que amanhã ele estará de volta. Três dias depois e nada do Rodolfo aparecer. No quarto dia, Rebeca fica espreitando a porta da casa dele, ninguém entra e ninguém sai. Final da tarde, posiciona a cadeira perto da porta da quitanda esperando que ele saia para ir à faculdade. Ele sai e passa pela frente da quitanda...
- Não vai comprar suas balas hoje, Rodolfo? - Rebeca fala em tom de zoação.
- Não, obrigado. Estou atrasado.
Rebeca estranha a atitude de Rodolfo, mas fez que não está nem aí e solta uma gargalhada.
- Do que você está rindo?
- Da sua pose de garoto responsável!
- Você se acha muito esperta, né? É uma pena que você não tenha me conhecido tão bem quanto conheço você.
Rebeca solta outra gargalhada.
- O que você sabe sobre mim, Rodolfo? Não sabe nada. Você que é um mimado...
- Realmente você não me conhece. Não vou perder mais tempo. Tchau.
A seriedade de Rodolfo mexeu com Rebeca. Apesar das implicâncias, tornaram-se bons amigos, e Rebeca tem apreço por ele. Desde então, Rebeca não para de pensar em Rodolfo. Depois de um tempo, percebe que sente falta das brincadeiras dele. Volta e meia come as balas que ele costumava comprar. Apreensiva decide pedir desculpas. Em uma caixinha colocou todas as balas que ele gosta e duas barrinhas de Twix, o chocolate preferido dele, e um bilhete: "Sinto falta das tuas brincadeiras, seu chato. Beijo, Rebeca." Falou com a Rose, mãe dele, para deixar a caixinha em cima da cama. Rodolfo arranjou um emprego e já não parava tanto em casa.
No dia seguinte, Rose levou a caixinha de volta para Rebeca, do mesmo jeito que havia deixado. Triste, Rebeca desfez o laço e quando abriu teve uma surpresa: balas de goma coloridas e um bilhete: "E eu, da sua cara de antipática! Beijos, Rodolfo". Ela mandou a caixinha de volta, agora com Sonhos de Valsa e um bilhete: "Você que nunca teve paciência comigo". Ele retornou, agora com balas de caramelo e um bilhete: "Também, haja paciência para ter paciência com você". A caixa foi e voltou mais umas cinco vezes, até que se cruzaram quando Rebeca estava fechando a quitanda.
- Parece que nos conhecemos bem - Disse Rodolfo.

- Você estava certo quando disse que me conhecia mais do que eu mesma.
- Sempre tenho razão.
- Lá vem você com esse arzinho de "sabe tudo".
Rodolfo pega Rebeca pela cintura quando ela tenta dar as costas. Ele a puxa para dentro da quitanda e fecha as portas. Ela não fala nenhuma palavra, apenas olha fixamente para os olhos dele. Delicadamente, Rodolfo espalha caramelo nos lábios dela e a beija como se fosse o último Twix de sua vida.

Outra vez a bolha.

Lá vem ela. Levemente à procura de alguém. Escolheu-me novamente, envolveu-me com sua delicadeza. Tocou-me a pele até o arrepio intenso, e sutilmente encobriu-me de ócio. Um longo silêncio se fez presente e senti o coração pulsando tão devagar que podia ouvi-lo. Ergueu-me o mais alto que pode, até que eu pudesse observar a longitude que eu mantinha entre o eu e o mundo. A sua superfície era intocável, ao contrário eu perderia a sustentação. Represa naquela pequena imensidão, eu e minha pequenez nos envolvemos até nos tornarmos um, tão pequeno quanto um broto. O medo, aos poucos, foi perdendo força e deixei a bolha me levar.
Tão mais longe ia mais eu sentia quão longínquo fiquei do mundo. Comecei a sentir uma leve alegria, tão mais leve quanto ela que carregava o peso de tantas angústias encobertas pelo cotidiano. Pingos de chuva brotavam da sua superfície e pétalas de rosa cobriam meu corpo. O calor era agradável e a melodia que a chuva fazia ao cair era uma singela canção de ninar.
Retirei-me de mim mesma e abri um sorriso amarelo, como uma rosa fui desabrochando o meu pequenino corpo, as pétalas eram os encaracolados dos meus cabelos. As raízes eram a minha mente, tão inconsciente. Os polens eram os meus dedos que onde tocavam surgiam outras flores. A bolha aumentava enquanto uma enorme flora se desenvolvia a minha volta, e eu me tornava uma grande árvore. Eu podia ouvir os risos das belas rosas dando vida a tantas outras. Eu não queria sair daquele sonho. A bolha tornara-se espessa, forte o suficiente para suportar uma rica fauna e flora.
De repente uma escuridão tomou de conta do lugar, e as vidas a quem dei vida começaram a morrer. As folhas da minha árvore começaram a secar e as melodias eram silenciosas. Tive medo outra vez. Em pouco tempo, retornei à posição inicial e como um embrião fiquei à espera de uma nova luz. Um cravo fez a bolha estourar e na viagem de volta ao mundo chorei, com a mesma intensidade de quando brotamos de um ventre.

Palavras incertas.

30 setembro, 2009

É irracional essa sensação de incompetência
Querer tocar cada espaço teu com tamanha ardência
Já não consigo, pois tu bloqueaste o efêmero sentimento
A união sem brilho desfez a mágica daquele momento

Procuro palavras com as mesmas terminações
Sem saber que a rima está no fim das nossas contradições
Não queira entender por que te amo tanto
Esqueça o que eu disse e me deixe curar meu pranto

Tu dizes que o meu mal é a intensidade
Que bobagem é essa que pronuncias, se nem entendias nossa cumplicidade
O que conheces de mim é matéria, é só um corpo e um sexo
Não quero compreender tuas palavras sem nexo

Apesar dos sonhos desfeitos
Teu nome está tatuado em mim, junto com os meus defeitos
Curo a ansiedade de te ver feliz em outro mundo
Silencio na saudade, pois encontrei meu próprio rumo

Independente desse futuro incerto
Observe ao redor que eu sempre estarei por perto.

Sonhos.

28 setembro, 2009

Confusos
Abstratos

E tão real.


O sonho que completa o dia

A noite que completa o sonho

O sonho que desfaz os sonhos

A realidade que idealiza os sonho
s

A identificação dos corpos

A sonorização dos ambientes

Tão irreal, tão palpável.


O pesadelo que se transforma em sonho.

O sonho que não passa de um pesadelo.

Nossas almas vivem à noite? Fazem coisas que não faríamos enquanto acordados.


Coisa louca.

O ser humano é tão frágil.

Uma matéria sujeita a qualquer situação que a vida nos entrega.

Ora vivos, ora na sombra da morte.


Que o sonho sobreviva na morte.

Pois os sonhos são um complemento da vida.

É no sonho que somos reais.

É na vida que somos sonhos.


E vamos vivendo essa eterna contradição/confusão que é (sobre) viver.

Porque os normais vivem e os que primam pela vida sobrevivem.

Filosofias do dia a dia.

18 setembro, 2009

Todas as escolhas de alguma forma são dúvidas. Se temos que escolher é porque temos opções e, consequentemente, dúvidas. Sempre duvidamos de uma decisão sem volta, e pensamos: "será esta a melhor decisão?". O ser humano nasce insatisfeito e morre, parcialmente, satisfeito.

Confusões

12 setembro, 2009

Era um sonho. Um pesadelo lindo. Uma imensidão de imagens absortas em volta de si mesma. Não soube distinguir o que foi verdade do que pareceu irreal. Dançava, era o que ela lembrava nitidamente. A areia tocava-lhe os pés e o barulho das ondas a envolvia naquela maresia inebriante. O horizonte e a extensão da praia era tão distante que mal pode ver-se no reflexo do seu mundo.
Foi tomada por dentro em um intenso êxtase, a pele arrepiava em movimentos circulares como a um tornado furioso, mas que não leva nada além do orgasmo que sentia enquanto o sol acariciava seu corpo, seu corpo inerte e sem pulsação. O pulso que ainda pulsava vinha de dentro, sentia que seu coração estava prestes a explodir. Como a uma pétala, sentiu um toque em seus lábios. Seus lábios que queimavam ódio. Seu corpo que exalava vingança. Seu coração que suplicava por falta de batimentos.
Não queria viver, pensou. E aquelas sensações sombrias e inimaginárias tornavam tudo tão mais confuso. A criança que antes habitava ali havia morrido, consequências obtidas pela mulher que se tornava, aos poucos. A mulher que assassinou a inocência implora para renascer naquele hospício que era o mundo. Gritava, gritou o mais alto que pode, mas ninguém a escutava, pois o som que saía de dentro era encoberto por situações inacabadas.
Não teve tempo. Não teve tempo para refletir em si e em tudo que fez ao longo de tantos anos. Anos que desejava deixar para trás, querendo renovar a música que surgia lentamente. Compôs algumas melodias, em silêncio, tendo como instrumental o som que o mar fazia. O mar era como remédio entorpecente, que pouco sente e compreende, mas que inunda e afoga todas as angústias. Ela era envolvida tão devagar, sentia levitar o corpo agora tenso, não mais inerte, mas forte e cheio de uma coragem sem definição. Trocava as palavras, confundia-se em adjetivos e substantivos irregulares. Seus verbos sem ação. Mais uma vez a inércia.
Quando voltou a si, inconsciente, sentiu somente a maresia invadir seu quarto, fazendo-a correr e mergulhar no seu mais profundo mar.
Viveu, enfim.

C o m . p l e . t o

11 setembro, 2009

Com-ple-ta-men-te

É o tudo que não falta nada.
É o dispensável e o necessário.
Gosto desse adjetivo.

Completo
Completamente
Complemento
Comple (a)Tando
Comple (a)Tado

É tão abrangente.

"Completa o tanque, amigo."
"Bradescompleto"
"Como é bom ter alguém por perto
Pra você se sentir completo"
"Um dog duplo completo."

E tantas outras circunstâncias que completam outras situações.
E tantos que se sentem completos...

Tudo que é extenso me atrai.
O que é efêmero descarto
inCompleto-me, por isso conecto o desconexo
do que anexo ao meu nexo/sexo.

Gosto de me sentir completa, sem estar completamente composta ou simplesmente, poeticamente, completa.

Ritmo & Poesia

08 setembro, 2009



Da poesia doce

Ao ritmo da respiração

De longe uma suave música embala

O coração antes doce


O som inerte nos ouvidos

Arrepia a pele inconstante

Dos versos puros

Ao desejo insano


Dos medos e pensamentos absortos

Em um pensamento incomum e estranho


O coração aperta como um nó de marinheiro

E a maresia, aos poucos, transforma a tormenta na tão esperada paz


Mas ali fica, tatuado aquele sentimento do passado

Sentimento bom aquele


Como uma flor que se abre em pétalas tão macias

E daquela raiz brotará as mais lindas rosas


E as rosas, o sol, o vento, a chuva
Transbordarão enquanto a música pulsa
Enquanto o riso alegra

E o choro cessa


Ainda assim os nervos se contraem

Para expulsar a nostalgia e dar espaço para a saudade.

Poesia ácida.

24 agosto, 2009

ácida
porém árida

toda a sorte insolúvel

em um coração de papel


a tropicalidade do seu sorriso
exposto ao sol que queima sem dor

trouxe-me a
insolidez que é o amor
tatuado em uma rocha escondida no fundo do mar


não ouses afinar a voz
para dizer o que é certo ou errado

fique escondido no teu eterno egoísmo

e eu ficarei aqui no meu a esperar


já não sei o que espero
in
compreendo cada pensamento efêmero
e que bom que são pensamentos curtos e sem vida

pois assim vivo mais, com o tão pouco que me preenche

Conto particular

23 agosto, 2009

O que importa ter os pés no chão, se o coração e a mente criaram asas?
Esse é o meu sonho: voar. Por que não podemos voar?
E porque pergunto tanto os porquês?
Meu sonho é um conto de fadas particular, em que o moço vem à beira do mar
Nada de cavalos e príncipes vestidos de branco - é um conto de fadas de verdade.
Um conto onde o amado me leve para passear na garupa da bicicleta
E me suje de sorvete de morango.
Que diga que sou linda quando acordo
Que grite baixinho "eu te amo" olhando nos meus olhos.
Um conto de fadas onde o amor me deixe só quando preciso
Mas que venha correndo quando eu precisar de um abraço.
Um amor de mentiras, cheio de verdades doces
Que brinque de corre-corre pela casa e me pegue com um beijo.
Um amor, só um amor.
Mas ao mesmo tempo em que quero este amor, este amor é inalcançável. É distante e é um conto de fadas, e no final a abóbora toma o lugar do coração. E me pergunto, de novo, porque não espero um amor qualquer que apenas preencha meu tempo. Um amor qualquer que não me conheça, somente saiba meu nome e a quantidade de açúcar do meu café amargo.
O amor é como a flor que desabrocha na primavera, espalha polens pelo verão, seca no outono e morre no inverno, mas em seguida vem a primavera e a flor, antes adormecida, renasce mais bonita.
Tenho falado muito de amor, e agora eu cansei.
Alguém me disse um dia que sou "ácida"...
De fato o amor queimou dentro de mim.
Mas eu continuo esperando o conto de fadas. E enquanto espero, meus pés estão no chão, enquanto meu coração voa e a mente volta diariamente para me manter viva.

Trechos de Clarice Lispector

20 agosto, 2009

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo. "

Ritmo e Poesia.

19 agosto, 2009



A flor e o seu altar
Reconstrói sua raiz em frente ao mar

Desenvolve a sede de encontrar
O tal futuro em seu próprio mundo particular


Escreve sonetos ao luar
Sonha talvez um dia procurar
Um tempo que não exista
Cansa, mas acredita

Que o sol não queima
E a lua não arde
A pele da pétala ofusca o brilho
Incandesce as cores do arco-íris e teima

Teima em não ficar em um só lugar

Desfaz as rimas para escrever livremente
Seus polens sobre o campo fértil

Fértil como a ânsia de desenvolver seu caule


E tocar o sol, fazendo sombra aos enamorados

Em ritmo e poesia ejacular seus frutos
Sobre o mundo, e encantar os corações áridos
Tornando-os amenos e tropicais.

Ana Carolina, Dentro.

12 agosto, 2009

Ana Carolina é sim intensa, desesperada, apaixonada. Mas cada letra e melodia é tão verdadeira, tão conto de fadas.

Publico hoje uma música do novo álbum, N9ve: Dentro. É linda, prestem atenção na letra: tem paixão, loucura e apego.

Me escondi
Pra não ter que ver você dizer
Coisas que eu não merecia ouvir
Era você ou eu

Escolhi
O pior lugar pra me esconder
Me tranquei por dentro de você
E não sei mais sair

Pela rua penso em ti
Volto em casa, penso em ti
No trabalho sem querer
Quando vejo tô pensando em você
E surgi de onde eu não imaginei
E aprendi que eu nunca sei
Enganar meu coração

Escrevi frases soltas pelo chão
Esperei você dormir
Pra jurar minha paixão


Por mera vibração.

07 agosto, 2009

Eu acho que me acho.
Eu me perco e me atraiu.

Sinto o cheiro e busco o toque.

Custo a perceber, mas consigo absorver.

Rimas sem letras, poesias sem ritmo.

Luares sem brilho. Sol sem calor.

Rio de tudo que é errado e belo.

Deságuo em teus mares e me reparto em fontes.

Não cruzo os dedos, mas intercalo cada artéria pulsante em meu peito.

_____


Mera vibração, tudo por acaso, mera distração.

.

Eu me inverto.
Incompreendo-me.

Gosto de formar palavras e sussurrá-las.

Ritmo e poesia.

Não gosto de ser normal, e não sou. Mas gostaria de ser.

Dou risada das minhas próprias besteiras, dos meus erros.

Gosto de errar, pois aprendo mais fácil.

Gosto de acertar, pois desaprendo.

Tento me definir, mas não tenho conceitos.

Escrevo na parede do meu quarto e dizem que sou rebelde.

Vez em quando escrevo sobre assuntos diferentes e dizem que sou louca.

Louco é quem vive na estabilidade e faz dela um cotidiano inútil.

Tenho medo de escrever, pois sempre encontro uma maneira de me contradizer.

Às vezes gosto de escrever essas bobagens. Principalmente quando quero me conhecer.

E não acredito ser isso tudo que digo. Mas penso, e se penso existo.

Chega. Ninguém me lê e isso são só palavras e palavras não falam, por isso escrevo.