pensamentos soltos, abstratos.

16 dezembro, 2008

Sensações.

Ah, aqueles suspiros. De amor, de ódio, de paixão, compaixão.

Sinestesias, calafrios, sensações.

Sensação de morango com leite condensado. Dobrado, coberto o corpo com aquela sensação tocando a pele. Sensação.

Juras, palavras, letras, sons, dedos, olhos, boca, tudo é sensação.

Ah, sensações, sonhos, pesadelos, frio, calor.

Ardor, de ver, tesão, prazer, fogo, fome, satisfação, necessidade.

Através das sensações.

O coração acelera, endorfina, adrenalina, sensação.

Hmmmmmm, sentir é o melhor poder que o homem é capaz de gerar em si e no outro.

O movimento.

M O V I M E N T O
A T E N T O
P I N T A N D O
A
A R T E
Q U E A R D E
M O V I M E N T O
C O N F U S O
CU R T O
A C E S O
C U R V A S
V O L T A S
A D E U S
C O R E S
T I N T A S
V I D A
M O V I M E N T O
M O V I M E N T E - S E
C R I E
M O V I M E N T O
M O N U M E N T O
A D V E N T O
V E N T O
S U R G I R O M O M E N T O .

pequenos contos (4)


- Cecília, posso entrar?
- Sim, Sr. Lopes, pois não?
- Quero que venha passar o natal em minha casa, com a minha família. O que me diz?
- Mas Sr. Lopes não quero incomodar.
- Por favor, Cecília se você me incomodasse já tinha te mandado embora!

Riram.

Cecília já estava pensando na ceia de natal, o primeiro de muitos que passaria sozinha. Mesmo receosa de não ter todo aquele calor e fraternidade que sempre tivera nos seus natais, estava tranqüila, encarou aquela solidão como um retiro espiritual. Mas confessa para si que adorou o convite do Sr. Lopes, já tinha certa amizade com as filhas dele. Até se convidou para passar o natal na casa de Laís, mas a família dela passaria o natal no sul.

Todo aquele espírito de final de ano era nostálgico, Cecília já não via o natal com os olhinhos de criança a esperar pelo papai noel e todos os seus amigos a brincar na rua durante o dia vinte e cinco de dezembro. Reservou-se a pensar em si sem fazer planos para o próximo ano, precisava organizar mais sua vidinha e então quando tivesse tudo em perfeita estabilidade começaria a pensar em algumas ações.

De todo modo, sentia que aquele final de ano tinha uma espécie especial de sensação. Foi um ano de muitas realizações, principalmente pessoal.

- Oi Luan, tudo bem?
- Oi linda, tudo bem e com você? Saudades suas.
- Saudades também. Estou bem. Liguei para te dizer que não poderei passar o natal com você e sua família, pois tenho outro compromisso nesta data. Mas podemos pensar na festa de ano novo, juntar a galera da faculdade e tal. O que acha?
- Juro que senti por você não passar conosco, mas a escolha é sua. E quanto ao ano novo, claro que podemos providenciar.
- Ótimo! Então, lá pelo dia vinte e nove eu te ligo para podermos combinar.
- Mas só no dia vinte e nove, to querendo um beijo seu.
- Ai que bonitinho que você é, Luan. Sim, só no dia vinte e nove, no dia vinte e seis acho que vou a minha casa ver minha mãe e minha irmã.
- Certo, tudo bem eu entendo e fico com saudades.
- Que bom que você é compreensivo. Bom, tenho que desligar, preciso terminar uns relatórios. Beijinhos.

Cecília conheceu Luan no primeiro dia de faculdade, foi o primeiro a puxar papo com ela e descobriram muitas coisas em comum. Ele queria namorá-la, apesar de gostar bastante dele, não sentia sentimento suficiente para algo mais sério. Além do mais, havia outra pessoa perturbando o sono dela.

Fim do dia e férias coletivas. Cecília saiu do trabalho e foi ao Centro comprar uma roupa nova para o Natal e para o Ano Novo.

- Bernardo?
- Cecília?
- Nossa, quanto tempo rapaz.
- Pois é, você nunca mais foi almoçar no meu restaurante.
- Ai Bernardo, tá tudo tão corrido. E no final das contas só nos encontramos quando digito a sua conta lá no atendimento automático.

Riram.

- E aí, onde vai passar o Natal?
- Na casa do meu chefe.
- Hm, legal. Então, se não tiver compromisso para o Ano Novo, fechei uma festa no bloco C do Clube, o jantar será servido pelo meu restaurante. Se quiser comparecer vou adorar, e se quiser levar mais alguém manda e-mail com os nomes.
- Pôxa, Bernando, legal. Vou ver com um pessoal e te aviso então. Obrigada pelo convite.
- Até logo, Cecília.

A família Lopes sempre foi muito atenciosa com Cecília, gostavam muito dela e a receberam muito bem durante a ceia.

- Um momento Marina, vou atender meu celular.
- Alô?
- Mana?
- Oi, que voz é essa?
- Papai mana. Papai faleceu.

São Luís do Maranhão

15 dezembro, 2008


Entre o rumor das selvas seculares, 
Ouviste um dia no espaço azul, vibrando, 
O troar das bombardas nos combates, 
E, após, um hino festival, soando. 
Estribilho 
Salve Pátria, Pátria amada! 
Maranhão, Maranhão, berço de heróis, 
Por divisa tens a glória 
Por nome, nossos avós. 
 
Era a guerra, a vitória, a morte e a vida 
E, com a vitória, a glória entrelaçada, 
Caía do invasor a audácia estranha, 
Surgia do direito a luz dourada. 
 
Quando às irmãs os braços estendeste, 
Foi com a glória a fulgir no teu semblante 
E foi sempre envolta na tua luz celeste, 
Pátria de heróis, tens caminhado avante. 
 
Reprimiste o flamengo aventureiro, 
E o forçaste a no mar buscar guarida 
Dois séculos depois, disseste ao luso: 
- A liberdade é o sol que nos dá vida. 

E na estrada esplendente do futuro, 
Fitas o olhar, altiva e sobranceira, 
Dê-te o porvir as glórias do passado 
Seja de glória tua existência inteira.


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Lá eu estarei em breve! \o/

poesias inexistentes.




São tantos atos falhos
São tantos fatos abstratos

Concretiza-se ilusões
Desafia-se a utopia
Não se acredita em corações
Diagnostica arritmia

Vai, vai viver de medo
Porque o medo engrandece
Ludibria o segredo
E o viver entorpece

Pese, prece
Adormece enquanto o mar
Levanta-se em ondas
Para lavar a alma.

Não sabemos voar
Mas os pensamentos nos levam longe.




Era outono...

10 dezembro, 2008

Era outono, o dia estava frio e nublado. Sofia acordou, pela primeira vez, sem olhar o relógio. Não queria saber do tempo. Ajeitou os cabelos com as mãos, massageou seu pescoço em movimentos circulares. Abriu a janela e fitou o dia nublado, fez cara feia. Iniciou sua rotina matinal [sem olhar as horas].
Calmamente escovou os dentes, trocou a roupa, tomou um café, trocou algumas palavras com seus familiares. Voltou para debaixo das cobertas e ali ficou algumas horas. Emprestou seus ouvidos à freqüência que saia do seu rádio, acompanhou as melodias com os dedos dos pés. Não queria levantar, por ela ficava naquela mesma posição o dia todo. Separou uma roupa e foi tomar um banho.
Pegou um livro, algum dinheiro e as contas que precisava pagar, seu material de desenho que estava guardado a algum tempo. Colocou tudo em uma grande bolsa. E saiu. Sem saber que horas eram.
Saiu sem rumo, sem um roteiro, pela primeira vez. Seguiu em direção ao shopping, pagou as contas e foi a uma praça. Sentou em um banco, fitou o mar e abraçou-se sentindo o vento frio e forte. Abriu a bolsa e sem escolher pegou o livro que já está lendo e que acha muito bom. Colocou os óculos e foi na página onde havia parado na noite anterior.
Leu umas quatro e cinco páginas. Observou seu material de desenho, pensou antes de pensar em pegá-lo e fazer alguns rabiscos ali mesmo... Desistiu. Recolheu seu livro, fechou bem o casaco e foi em direção ao ponto de ônibus, não tinha mais nada para fazer por ali e pela primeira vez olhou para o relógio, 15h30. Correu para pegar o ônibus que estava saindo e foi ao Centro para tomar outra condução para casa. Respirou fundo e foi.
Tudo a sua volta era grande demais naquele dia. Sentia que o sol havia despontado mesmo antes de sair, mas não a tocava, seus olhos se fixaram naquele dia frio e nublado ao amanhecer. Sentia-se pequena demais para estar em um mundo tão grande, perplexo mundo in-justo.
Comeu alguma coisa e colocou o roller. Ficou alguns minutos brincando na rua com os seus primos, cansou. Voltou para a cama. A música é sua eterna companheira. Logo, começou a arrumar seu cantinho. Colocou tudo no seu devido lugar. O som alto. Cantava junto, aparentemente contente. O pensamento já era frio e nublado. Terminou o serviço em seu canto, organizou outras coisas em outros ambientes da casa. Voltou para a cama, sem nem saber que horas eram.
Trocou vários cds, escutou e anotou algumas notas provenientes das músicas e de seu pensamento. Para Sofia não lhe restava mais nada a fazer naquele dia, chorou depois de muito pensar em nada. Sentia-se um obstáculo em seu próprio caminho, criou seu casulo com muros altos para se proteger, dela mesma. Ainda tem esperanças que o dia seguinte seja de céu e sol lindos e limpos.
Sofia conseguia descrever claramente todos os seus momentos, mas descrever só não lhe bastava, no entanto só a ela importava todos os seus momentos. E, de qualquer forma, sabia que ninguém a entenderia.
Dormiu, a música a embalou.

Clarice Lispector

1920
Clarice Lispector nasce em Tchetchelnik, na Ucrânia, no dia 10 de dezembro, tendo recebido o nome de Haia Lispector, terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. Seu nascimento ocorre durante a viagem de emigração da família em direção à América.
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Toda a obra de Clarice Lispector é fruto desse conúbio constante do pré-lógico com o metalógico. O que está por baixo e antes da consciência, com o que está depois e acima dela. Seu estilo foi e continuará a ser a expressão pura de sua pessoa. Sem ter a mínima intenção de fazer surrealismo, de criar uma nova forma ou mesmo escola literária como fez André Breton. Clarice foi surrealista e supra-realista sem querer. No sentido total de uma expressão literária, que liga o que está antes da voz e da palavra expressa, isto é, no fluxo do monólogo interior pré-verbal, com a presença superior do deus invisível, sempre presença na vida como na obra dessa alma trágica de mulher, que representou tão bem em nossa vida intelectual, essa realidade perturbadora do Eterno Feminino goetheano. Fusão absolutamente espontânea, que não pode ser logicamente expressa, por viver em nossa sombra interior, antes mesmo de ser eliminada pelo mistério da graça divina. Essa fusão espontânea de luz e de treva será, porventura, o segredo dessa mulher fatídica e do tipo profético de sua genealogia judaica. No seu último livro, em dedicatória escrita um mês antes de morrer e que recebi, no próprio escritório de seu último editor, José Olympio, essa mulher atormentada terminava suas palavras de afeto, ao seu primeiro editor, com essa sentença literal que tudo explica: “Eu sei que Deus existe.” Sua trágica solidão teve também um Companheiro.
Quisera eu poder dizer em seus olhos o meu apreço por ti
Suas palavras intensamente lindas incorporam minha insensata distração
Copiar você? És única e bela. Tê-la envolvida em minhas palavras é o modo que busco para ser tão verdadeira quanto você. Clarice, Clarice, Clarice, flor de Lis...

Contradições.

08 dezembro, 2008

Hum...

Esses dias mamãe me disse que eu vivo me contradizendo.
Sempre digo que as mães sempre têm razão, hihi.

:D

Clarice Lispector

Minha voz é o modo como vou buscar a realidade; a realidade, antes de minha linguagem, existe como um pensamento que não se pensa, mas por fatalidade fui e sou impelida a precisar saber o que o pensamento pensa. A realidade antecede a voz que a procura, mas como a terra antecede a árvore, mas como o mundo antecede o homem, mas como o mar antecede a visão do mar, a vida antecede o amor, a matéria do corpo antecede o corpo, e por sua vez a linguagem um dia terá antecedido a posse do silêncio.
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H.

Sentidos

06 dezembro, 2008

Ela olhava longe, tão tão longe
que se perdeu em pensamentos

Por alguns momentos
pôde desfrutar daquela paz

Não pensou em nada
durante todo aquele tempo

Tinha os pensamentos soltos
sem raciocínio nenhum

Ela continuava a olhar longe
e sem querer pegou-se lembrando

E querendo descobrir um mundo
que ela nunca procurou entender

Ah, como sentiu vontade de driblar seus medos
e contra atacar sua mera vontade de viver

Ela olhava longe, tão tão longe
sem querer perdeu a respiração...

Personagens

Ah, como eu queria incorporar meus personagens e sentir na pele a intensidade das palavras.

D E I X E

02 dezembro, 2008

[...]

sobrevoar o caos por dentro.

busque a inexatidão.
crie sobre si a grandiosidade
das reticências.
canse de ser tão normal
o incomum é tão mais legal.
ouse enquanto a vida não te vira de ponta cabeça e desabe a vontade que vem de dentro.
sorria. adoro sorrir dos meus próprios fracassos.
ligue não,
isso são palavras soltas de quem quer se soltar para o mundo,
uma mera irreflexão.
:D

Inspiração

Sei lá, simplesmente vem.
Sem saber por onde, recebo-a de mente aberta.

Abro-me em pedaços repartidos aleatoriamente,

incerta.

Cubro as horas com a inspiração que chega e retém...

Retém meus poucos minutos de abstração.

Recupero o sentido e as palavras me tomam, porém

As curvas perigosas que minha mente tumultua sem coerção.

Cultuo o pouco que sei, daquilo que nem sei.

Claro, escuro, escuro, claro...

Canto cantigas que a inspiração me traz.

Sem perceber comparo

Sinos, sinais, sons, rítmicos ou não.

Não é preciso coesão, a melodia basta para a inspiração.