pequenos contos (3).

21 novembro, 2008

- Cecília!?
- Oi mana, posso entrar?
- Pai, mãe venham aqui!
- O que foi Júlia? Quem é?
- Cecília, minha filha, que susto que você nos deu. Vem, vem entre. Deixe eu te ver, você está bem? Ô meu amor, por onde andou?
- Acalme-se mamãe, estou bem. Oi, Pai.
O pai limitou-se a olhá-la de cima a baixo e foi para a cozinha.
- Desculpe seu pai Lia, ele está muito magoado com você.
- Tudo bem, mamãe. Não vou me demorar muito, vim apenas dar um alô e pegar mais algumas coisas que não pude levar. Pedi folga do trabalho para fazer essas tarefas e resolver minha transferência na faculdade.
- Como assim, Cecília? Você não voltou para ficar conosco?
- Não mãe, desculpe-me. Estou bem, trabalhando, estudando. Está melhor assim. Você sabe melhor do que ninguém a minha necessidade de seguir minha vida, todos sabem. E, além do mais, preciso da minha independência. Só peço desculpas pela saída tão brusca, sem nem me despedir, mas foi melhor assim.

As duas conversaram por mais alguns minutos. Cecília foi ao seu antigo quarto e sentiu o peito apertado de saudades, apesar de tudo foi com aquela família que aprendeu sobre a vida, o lado bom e o obscuro da realidade.
Enquanto colocava umas roupas na bolsa sua irmã entrou no quarto e lhe deu um longo abraço. Choraram e trocaram alguns segredos.

Cecília foi embora com o coração em lágrimas, sentir a rejeição do seu pai doeu, mas sabia que o gênio dele não abriria mão do orgulho para apóiá-la.
No fim da tarde, Cecília já estava em seu apartamento, organizou sua mochila e foi para o primeiro dia de aula na nova faculdade.
Antes, montou seu quadro na parede da sala e escreveu:


Que os meus olhos nunca ousem olhar o obscuro, mas que minha mente possa compreender a essência da solidão.


Dali em diante, Cecília teria uma atividade a mais, ficaria mais cansada para diversas outras coisas, ela sabia disso, mas o cansaço não abalaria todas aquelas conquistas. Já havia passado um mês depois que começou a trabalhar na Vegan. Há poucos dias recebeu seu primeiro salário, estava radiante e começando a deixar o ap com os seus detalhes. Ela e o Sr. Lopes se dão muito bem, são como pai e filha; aliás, todos na editora são muito bacanas, Cecília se sente em casa.

Todos os sábados vai para a biblioteca pública, tem livros incríveis que contribuem com o seu trabalho na editora e para as informações que coleciona há dois anos para a publicação de seu livro. Na biblioteca conheceu Laís, que também tem o mesmo propósito e faz faculdade de jornalismo. As duas se identificaram uma com a outra e são muito amigas.
Era sábado e o sol estava brilhando alto. Foi até a biblioteca, pois sabia que encontraria a Laís por lá.

- Laís, vamos para o clube?
- Ah!, não Cecília, tenho muitas pesquisas para fazer.
- Mas Laís, temos direito de um descanso, pôxa! Quem sabe não pegamos uns livros, vamos na sua casa, você pega umas roupas, vamos para o clube e você dorme lá em casa? E aí, gostou da idéia? Vamos, vamos!
Laís ficou pensativa por alguns minutos, enquanto terminava de copiar mais uma citação.

- Ok Cecília, você venceu! Mas, amanhã vamos estudar, promete?
- Tá bom amiga, prometo.

O clube estava apinhado de gente, Cecília olhou para Laís com cara de preocupação, por que sabia que Laís não gostava daquela badalação toda. Laís deu um sorriso de “rilex”.


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