BLOCO DE NOTAS

25 janeiro, 2012

Nunca tive o propósito de ser perfeita. E acho que ninguém deseja essa qualidade (defeito), apesar de cobrar tanto de si mesmo. Eu só pretendo ser, sempre pretendi ser eu mesma, sem me preocupar com a deficiência alheia em entender meus motivos. Mas não parece tão fácil assim fingir que as opiniões não afetam, de certo modo, minhas decisões. Sempre desejei muitas coisas, ao mesmo tempo que quase sempre desisti delas. Por insegurança ou por causa da opinião das pessoas mais importantes da minha vida. 

Tomei decisões erradas, acertei em algumas. Aprendi, chorei, sofri, mas sempre continuei, ainda que minhas pernas não andassem por si só, continuei caminhando. Caminhei sem rumo, sem destino. Poucas vezes acreditei em destino, são só coincidências. Muitos sonhos nunca saíram da mente, poucas foram para o papel, quase nenhuma foi realizada.

Tenho arrependimentos, frustrações, desejos intensos, medos. Sou uma pessoa normal, mas que não exita em muitas vezes ser quem é, como também esconde o seu melhor e o seu pior. Achei que dificilmente tomaria decisões tão importantes, que mudariam quase que definitivamente o meu cotidiano. Mas tomei, e acredito estar pronta para enfrentá-las. Chega uma hora que é preciso. E essa hora é agora. Antes que eu desista mais uma vez de mim. 
Paz.


HOUVE UM TEMPO

18 janeiro, 2012


Houve um tempo que tudo era aparentemente fácil. A responsabilidade não era assídua, as vontades não passavam de um algodão doce, o choro era manha e o sofrimento um arranhão no joelho. Mas esse tempo passou rápido demais, sequer percebemos as mudanças que gerou; e acabamos por receber essas mudanças com um "tapa na cara". Doído, que deixam marcas e são transparentes.

Há muito tempo pela frente, suficiente para levar outros tapas e aprender sobre cada transformação do eu. Entretanto, será sempre difícil lidar com isso. Ao mesmo tempo que permanecemos em paz, provocamos um turbilhão de sensações frias, estranhas, sentimentos que invadem de tal forma que nos deixa intactos, com medo de sair do lugar e aquele peso nos levar ao chão. 
 
A frustração chega de mansinho e se instala, transformando a paz numa angústia de tirar o fôlego. Eu me pergunto: por que deixamos isso acontecer? Por que não tomamos parte das nossas responsabilidades com os pés no chão, por que não somos capazes de encarar os desafios sem que eles nos impeçam de tentar antes mesmo de decidir partir adiante? 
 
Ser adulto não é legal. É saber que abrimos mão de muitas coisas para ser alguém. É descobrir que nem todo mundo é tão legal como você imaginava. É sofrer por coisas que parece que nos matam por dentro. É se transformar numa pessoa amarga, dura consigo mesmo. Ser adulto é conhecer um mundo real, diferente daquela fantasia de criança. Ser adulto é crescer e crescer dói, como uma dor de dente que só passa com remédios. E assim, vamos medicando o dia a dia para engolirmos os sapos.
 
Feliz daquele que consegue estar em paz, mesmo quando as coisas não são como deseja.