As mulheres são umas ingratas

14 abril, 2009

Ela sempre vinha com aqueles papos de traição. Parecia sempre desconfiada de mim. Eu tinha que ter um swing danado pra desenrolar quando ela insinuava alguma coisa. A preta até que tava certa, mas aquilo me irritava. Eu sempre chegava com um papinho do jeito que ela gostava, carícias que a faziam esquecer daquele blá blá blá.

Até que um dia a preta me colou uma peça. Fiquei doido. Homem é mesmo meio burro, senão todo burro. Ao invés de apagar as mensagens dei bobeira, a preta mexeu no meu celular e descobriu a tal da Maria Antonieta. A Toninha eu levava pra passear vez em quando, até pra umas baladas eu fui com ela. Mas eu só fazia isso quando eu deixava a preta cansada, de sexo, em casa. Pensei logo que a pretinha ia me esculhambar. Ficou quietinha como se não soubesse de nada. Às vezes é melhor ver a nega explodindo do que bolando alguma pra ti. Eu fiquei aflito com aquela demora. Infeliz do homem que acha que enrola uma mulher, principalmente a preta que era uma mulher de verdade e não levava desaforo pra casa.

Até hoje me pergunto: “por que não fiquei com a preta?” Ela era toda carinhosa e atenciosa, além de fazer um sexo muito gostoso – como poucas. A Toninha era novinha e eu só gostava de colar um papinho e uns beijos. A preta não.

Até que a neguinha sumiu, uma, duas, três semanas sem atender o celular, sempre com a desculpa de que estava ocupada demais pra mim. Era o fim, eu sentia. Afinal ela sempre tinha tempo pra mim. Eu ainda tinha a Toninha. Mas nem a Toninha me atendia mais. Na última tentativa, Toninha disse que estava com outro. Como são as mulheres, né?! Umas ingratas. Tava ali sozinho agora, sem a Toninha e sem a preta. Seco de vontade de dar uns tapinhas na pretinha, ela adorava.

Depois de um tempo soube que a neguinha ligou para a Maria Antonieta e falou mal de mim, disse que eu não era homem de verdade e que usava Viagra para dar no couro. São umas ingratas mesmo. No final das contas fui taxado de ‘broxa’ no meio das amigas. E a pretinha? A preta embarcou numa viagem aí cheia de raiva de mim. E eu que gostava tanto dela.


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Fui picada pelo mosquitinho aprendiz do Rubem Fonseca. Não chega nem aos pés dele, mas gosto MUITO da estrutura dos contos. Lendo e aprendendo, um dia eu chego lá. ;)

15 comentários e idéias:

Paloma disse...

ficou super bacana!

Guga Detoni disse...

vou dizer...

O melhor texto seu que li até agora!

A vida como é, sem falsos elogios e rasgação de seda.

Luana! disse...

nossa! ficou fantástico.
somos mesmo ingratas, burras nao!

\o/

adorei, livinha! ;**

Isobel disse...

Gosto de contos, um texto leve,o seu então , muito bom. Parabéns. ;D

Anonimo disse...

Quem tudo quer, nada consegue, como dizem por aí.

Beijos.

Fabiana disse...

Muito bom seu espaço...Obrigada por estar comigo, em meu blog, fazendo companhia, dividindo suas ideias , que serão super bem vindas!
Estarei por aqui tb.
bjos, bjos, com carinho, Lívia!

♪ Lorena disse...

ingratas e sem coração essas mulheres. quando reagem vão no ponto certo, justo aquele em que não poderiam tocar. cruéis.
graças a deus :P

obrigada pela visita. vim retribuir e tive uma linda surpresa: um lugar ensolarado e aconchegante, que com certeza passarei a frequentar.

~*Rebeca*~ disse...

Livia,

Você já chegou lá... perfeito!

Beijo grande.

Rebeca

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Vida em Transe disse...

kkkkkkk
Adorei!
Sabe o que foi mais engraçado?
Ver como vc construiu esse texto, pensando em como as mulheres detestam rótulos superficiais como o de "barraqueira" e o de burra, como sabemos ser crueis, especialmente quando nos despimos do sentimentalismo para dar espaço às dores que levam a uma vingança...
adorei!

Beijos garota!
Saudades

Dulce Miller disse...

Acho que você já chegou lá, escreve muuuuito bem, parabéns!

Beijos!

Lorena disse...

Ficou muito legal mesmo! =)
Eu não sei escrever assim, quem me dera... Acho super difícil escrever da perspectiva masculina. Mas voc~e conseguiu, o texto ficou bastante autêntico, eu gostei muito!
parabéns, viu?
beijos!

Monday disse...

muito engraçado esse conceito de ingratidão ... rsss

Tiago Faller disse...

Muito bom! Com uma pitada esplêndida de humor e verdade.

Fez-me lembrar de uma conversa com minha mãe no fim de semana: Enquanto homem tem esposa, tem amante; depois que acaba o casamento, nem uma nem outra mais ele tem. Fato.

Quanto às mensagens no celular, prefiro nem comentar. rs!

Aglio disse...

Objetivo e personificável.


Gostei muito!

Natália disse...

Lívia, tô adorando essa sua onda contos. Acho que você se encontrou.
Tu escreve contos muito bem. Eu não sou boa em escrever contos. As crônicas se tecem melhor nas minhas mãos.
Bom mesmo esse conto e essas mulheres ingratas, hehee.

Engraçado disso tudo é que o tempo passa, mas a maior ofensa para o homem continua sendo ser chamado de brocha (broxa?).

Beijão