Neste exato instante de incertezas, estou cheia das certezas. Certezas envoltas em grossas correntes, cadeadas a sete chaves. Chaves sem segredos, pois conheço cada elemento da liberdade, da minha liberdade. Tento enxergar as coisas sem poesia, mas a poesia está cravada em mim, junto com o ritmo que levo a vida.
Ah! Se soubessem o redemoinho que faço dos dias e noites insólitos dentro de mim. Pensamentos avesos, compreendidos pelo som que sai da minha pele. Arrepiada pele, com o medo que faço de mim mesma. Não escrevo para que me compreendam, seria o contrário do que desejo. No fundo nunca precisei que me entendessem.
Hoje acordei sentindo Clarice, com a imoralidade de Rubem Fonseca. Que seca a carne com os olhos enquanto as notas musicais se enrolam nos cabelos revoltos.
Rica sinfonia essa que escuto em meu modesto silêncio. As palavras jorram com a força da água, com o cantar do vento, com a grosseria e leveza das rosas. Chata poesia que me persegue e delineia cada acentuação da vida, cada luta intuitiva. Cada riso verdadeiro, sarcástico.
Escrevo coisas sem sentido, cujos pensamentos criam - sem volta - palavras incompreendidas, mas que de alguma forma me enchem de prazer, de amor... Ao simplesmente escrever sem pudores, ou piedade de mim.
Apenas espero que esses dias, confusos e cansativos dias, não levem de mim o amor que sinto ao sentir as palavras.