Na edição de junho (2009) da revista Saúde (Editora Abril) saiu uma matéria sobre os devaneios e as consequências positivas que podem causar. Eu, como devaneadora de carteirinha, li e logo pensei em postar as partes mais relevantes da publicação.
Por Kátia Stringueto
Estudos comprovam que investir em momentos de devaneio é fundamental para a criatividade e ainda se torna uma habilidosa ferramenta contra o estresse.
Stringueto afirma que a vida depende da criatividade, seja para encontrar uma maneira mais flexível de trabalho, para escrever um texto, para desenvolver produtos, entre outros. Cita que a virologista americana Beatrice Hanh, que se dedica ao estudo da aids, disse que pensar fora da caixa é sempre uma boa pedida. Beatrice, que é da Universidade do Alabama, se referia à descoberta de uma nova técnica de combate à doença. Em vez de usarem o sistema de defesa do organismo, muito comprometido pelo vírus HIV, os pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia apelaram para as células musculares a fim de estimulá-las a produzir anticorpos. Deu certo. Embora ainda não seja a cura do mal, a descoberta foi vista como promissora. E, sem uma bela parcela de imaginação, nada teria acontecido. Esse desfocar, como definiu Beatrice, percorre novas áreas do cérebro, assopra a poeira dos pensamentos guardados no inconsciente e, eureca!, joga luz sobre respostas.
Desde então outros estudos são feitos para confirmar a tese. Kalina Christoff, professora da Universidade British Columbia (Canadá), através de imagens de ressonância magnética provou que o cérebro está muito mais ativo durante o devaneio do que se possa imaginar. A pesquisa, que foi publicada em uma revista específica, concluiu que esse "estado" pode ser comparado a um momento de raciocínio lógico. Ou seja, todo tipo de divagação compreende a área da memória, as redes neurais ligadas às lembranças se mostraram mais ativadas do que aquelas relacionadas a tarefas rotineiras.
O devaneio se inicia no sistema límbico, o qual envia imagens e sensações para o córtex através de aproximadamente 400 mil conexões. No sentido contrário, há apenas 20 mil vias de acesso. Isso prova o esforço gigantesco que o cérebro faz para impor a razão sobre a emoção.
Devaneio é
Um capricho da imaginação, é fantasiar, criar uma história, ouvir uma música e se transportar no tempo, fugir do trivial.
Devaneio não é
Ficar martelando uma ideia, ter pensamentos que fazem sofrer, dar uma volta no quarteirão preocupado com os problemas que tem pra resolver.
Stringuetto continua a matéria apresentando que o mérito do devaneio vai muito além. Ao tornar o pensamento flexível, produz-se novas conexões entre as células nervosas - essa atividade é chamada de sinapse silente, pelos cientistas. É comparada a uma ginástica que possibilita a criação e ensaios para tomadas de decisão. Freud, sobre esse "treino mental", comenta: Você pode engatar em ações sem nenhuma consequência. Pode imaginar-se ridicularizando seu professor ou dando uma surra no seu chefe, sem pretender, de fato, fazer isso. Sobre isto, Stringueto diz que para a alma é um benefício imenso, descartando a brincadeira.
A matéria tem ricas informações que complementam o tema, mas não seria legal transpor todo o conteúdo para cá, até por que é extensa. Mas termino com um parágrafo que, pra mim, diz muita coisa:
"Sonhar acordado é nada menos do que essencial para a sobrevivência", defende o psicólogo especializado em neuroendocrinologia Esdras Vasconcellos, da USP. "Sem esse momento de dispersão, o cotidiano fica frio, concreto e racional demais. E a mente não dá conta. A consequência pode ser a erupção de um transtorno como o pânico", alerta.
A neurociência sempre me chamou muito a atenção, principalmente pelos inúmeros mistérios que guardamos entre as nossas conexões, bem como o nosso coração que, pode nos pregar uma peça e, simplesmente, para de pulsar. Nós, leigos, não teremos profundos conhecimentos sobre o funcionamento do organismo, por mais que coletemos informações através de pesquisas, de fato pouco entenderemos essa loucura que é a existência. Frente a isso, podemos devanear e imaginar tantas coisas, sem ter medo ou vergonha de exagerar nas milhões de possibilidades que encontramos no subconsciente. Devaneios nunca serão meros devaneios tolos. E por isso eu adoro.
Pic: http://sxc.hu/
1 comentários e idéias:
hum,
interessante,
eu tenho desvaneios,
daí eu surto,
rs
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