- Você tem certeza disso?
- Sim, acho que sim.
- Achar é pouco. Preciso de certeza. É agora ou nunca mais.
- Assim, sem mais nem menos?
- É, ou é ou não é.
- Dê-me um tempo pra pensar?
- Insegurança é o seu nome! Não me canso de esperar, mas me canso de não ter você.
- Você me surpreende.
- Assim que sou.
- E por que não usou de suas artimanhas para me conquistar desde o primeiro encontro?
- Não me deu permissão, lembra? Disse que era melhor deixar com que as coisas acontecessem, se fosse para ser, enfim, seria.
- E não é o certo?
- Perdemos muito tempo.
- Será que pode dar certo?
- Sem tentar nunca saberemos.
- Mas é tão complicado.
- Por quê?
- Eu não te amo.
Silêncio.
- Eu também não.
- E por que você se cansa de não poder me ter?
- Instinto!
- Como assim?
- Se vocês não querem alguém que valorize, talvez queiram alguém que brinque com qualquer porcaria de sentimento.
- Mas...
- Ainda bem que você não teve certeza, cansaria-me de observar seu sentimento distante, obstante o obscuro do seu ser.
- Você é poeta?
- Dizer verdades não é papel do poeta. Poeta ilude, revela sentimentos inexistentes no ser humano e o faz sair do chão. Poeta é livre.
- Você é preso a algo?
- Ao pior sentimento que possa existir.
- Qual?
- Você não entenderia. É íntegro e imperfeito e a cada dia busco o desapego pra essa merda de pressão que sofro dia após dia.
- Se quiser conversar, estou aqui, pelo menos nisso posso te ajudar.
- Busco refúgio em mim e, afinal, eu não tenho certeza... aliás, só sei que há alguma coisa de sentimento que absorve e me surpreende assim como posso surpreender você!
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a mente do ser humano é incompreensivelmente flutuante e a gente gosta disso.
* diálogo mental de livro de romance. cheio de mentira e verdade, pensamentos subliminares como todos os pensamentos góticos que surgem na mente.
cenas do próximo capítulo...