O pequeno mundo de um escritor chateado com um mundo qualquer

13 junho, 2009

Era sábado. Chegou um, outro, um casal, dois, três, uma família. Sábado de sol e vento frio. Sorrisos, sorrisos falsos, crianças felizes, tristes, uma vida boa. Alguns refletiam uma vida mais ou menos. Nem tudo era o que queriam. Acompanhados que se sentiam só. Abandonados que estavam ali a procura de alguém, um sorriso ao menos. Outros que corriam, suavam, caminhavam em busca de um corpo bonito, ou somente para manter a saúde em dia. Hipocrisia em quase todos os rostos. Chatice era aquele mundo.

Volta e meia eu pensava em um mundo melhor. Homens e mulheres nus, crianças sempre felizes que estudam e brincam. Todos ganham a vida fazendo artesanato, tricotando, escrevendo pequenos contos e notícias no jornalzinho, que poucas vezes anuncia uma morte natural. Bobagens da minha mente. Todo escritor é meio louco, ou muito. Eu não era diferente.

No meu mundo o sexo é a coisa mais natural, não há poligamia, mas a mulheres adoram sexo a três. Às vezes acho que sonho demais. Dinheiro não existia, instruímos todos os moradores ao escambo. Trocam o que é necessário a um e a outro. Uma espécie de voluntariado por espontânea vontade. Alguns jovens se revoltam e procuram outros mundos, não demoram muito e estão de volta. Não existe droga no meu mundo, mas a maconha é liberada como medicamento para a mente.

Eu abri os olhos desse sonho e lá estavam. Aquele povinho feliz brincando com os seus filhos no parque. Tentando incutir na mente da criança o que é certo e o que errado, e que todos deveriam acreditar em alguma coisa. Enganavam aquelas crianças, quando puderem entender, crescer, verão que tudo é uma grande mentira. E vão se revoltar, procurar outros mundos, um dia vão voltar porque colo de pai e mãe é sempre um parque. Ensinam sobre virtude, mas não são capazes de dar a mão a quem precisa, passam longe, atravessam a rua com medo, receio sabe se lá de quê. É humano tão como alguém que precisa.

Eu já não tinha mais medo de nada. Perdi o medo de tudo. Todo o ser que se diz humano está sujeito ao perigo que é a vida. E que bom viver esse perigo. Mas a maioria vai (sobre) vivendo neste mundo louco, bobo mundo, tolo. É melhor eu parar por aqui, caso contrário serei um clichê como todos esses pseudo-felizes. Ou acho que estou chato demais hoje, por isso escrevo tolices.

5 comentários e idéias:

Unknown disse...

Se formos analisar bem os semblantes das pessoas que andam pelas ruas, pelos parques, veremos extamente isso que vc descreveu: hipocrisia. Não são mesmo capazes de estender a mão ao próximo, vivem em seu mundinho...

Belo conto,
Bjs!

Anônimo disse...

Estou brigando, desesperadamente, com um mundo que querem que eu viva. Preciso viver o meu mundo, caso contrário, sou pássaro ferido, sem ter ninho pra voltar, pescador sem rede perdido em alto mar.

Guga Detoni disse...

vejo hipocrisia em comentários também

Aglio disse...

O mais gostoso é viver realidades paralalelas.

Colocá-las no papel ( ou blog) é via de regra.

Que cada um viva o mais próximo possível de seu mundo de vontades

=D

Marcia disse...

Nossa. muito bem escrito!
Parabéns, vc tem o dom :-)
Bjks