Talvez já não tenha tempo ou paciência para pensar, sendo o pensamento tão rotineiro e automático todos os dias. Só me resta respirar fundo e correr contra o tempo que corre tão rápido. Por dias tenho pensado na minha pseudovocação para escritora. Como eu gostaria de passar meus dias a escrever, ler e aprender. Rabiscar nos cadernos os contos que tanto anseio por elaborar. Desejo pela chegada deste dia, mesmo sabendo que só eu vou encontrá-la, ou melhor, fazê-la chegar a minha mente e às pontas dos meus dedos.
A emoção acabou. A sensibilidade antes tão aflorada só é sensível aos machucados, à falta de motivação, ou ao complexo resultado financeiro do final do mês. Não nasci para negócios, fato. Mas ainda são eles que sustenta meus vícios e as minhas mulherzices. Hoje fui à praia, sempre renovo quando sento à beira mar e fico a observar as ondas, os pássaros, os barcos, os sons, o sol e até o pôr do sol. Escrevi algumas tolices no caderninho de anotações. Frustrante como não acho mais as palavras certas. E os meus textos ilustram o que tenho em mente: pouca emoção, superficialidade, hipocrisia. Transcrevo em entrelinhas toda essa mistura incolor, sem perfume e sem intenção.
Minh’alma escritora está por aí, vagando e aprendendo alguma coisa, eu acho. Quando eu achá-la estarei munida de todas as palavras certas e de todos os modos de escrever e pensar. Sonhos abstratos. Vivo deles. Dói confessar que me sinto assim, dói acreditar que a Lívia que antes sonhava, hoje é dura e objetiva. Sem expectativas de ser, nem mesmo de ter. Se vivo, já é bom o bastante. Tenho o suficiente para (sobre)viver. Mas ainda falta tanto para eu compreender o que é viver de verdade.
Uma menina num corpo de mulher, e vice-versa. Uma criança que estancou com medo de crescer, mas desejando perdidamente evoluir. Evoluir é tão doloroso. Talvez esteja aí o problema: a mistura de “sentimentos”, a mudança dramática que há entre ser uma jovem e uma quase adulta. Enquanto isso, ainda não perdi a intensa vontade de ler. Leio tudo que é interessante, continuo a aprender mesmo que muitas vezes eu não consiga absorver. O que me falta? É no que penso constantemente.
Não costumo desabafar por aqui, mas às vezes levo a sério o nome do meu blog. E escrevo por Mera Distração.